COMPLEXIDADE E (IN)VISIBILIDADE NA CIÊNCIA: UMA TEORIA SOBRE AS PRÁTICAS CIENTÍFICAS ABERTAS A PARTIR DO USO DOS CADERNOS DE LABORATÓRIO PELOS PESQUISADORES DO iLIKA/UFPE
teoria da complexidade; ciência aberta; cadernos abertos de laboratório; dados científicos.
O desafio de praticar a Ciência Aberta vai ao encontro de uma ciência coletiva, colaborativa, social, compartilhada e interdisciplinar. Esses predicados caracterizam uma ciência contemporânea e implicam a renovação do fazer científico. A fim de entender melhor esse fenômeno de transformação no modo de fazer ciência, as investigações desta pesquisa foram concentradas nas práticas e pensamentos de pesquisadores das Ciências da Saúde em relação ao uso dos cadernos abertos de laboratório, um dos eixos estudados pelo grande tema Ciência Aberta. Para tanto, o objetivo é propor uma teoria sobre as práticas científicas abertas a partir do uso dos cadernos de laboratório pelos pesquisadores do Instituto Keizo Asami (iLIKA), relacionando-a ao Pensamento Complexo de Edgar Morin. Para alcançá-lo, utilizou-se como arcabouço metodológico a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD), The Grounded Theory, sob a abordagem construtivista de Kathy Charmaz. Diante disso, a pesquisa tem um enfoque qualitativo e se classifica quanto aos meios (procedimentos) como estudo de caso, visto que investigou de maneira exaustiva os fenômenos e as práticas em um contexto específico. Quanto aos fins (objetivos), caracteriza-se como explicativa, uma vez que houve a preocupação de identificar e explicar quais fatores (e o por quê) contribuem ou determinam a ocorrência de determinadas práticas e fenômenos. Foram entrevistados 13 pesquisadores e a partir das suas falas, por meio de códigos in vivo, foram identificadas 10 categorias, sendo elas: estabelecendo parcerias, formando recursos humanos, orientando sobre o uso dos cadernos de laboratório, atribuindo importância ao uso dos cadernos de laboratório, preterindo o uso dos cadernos de laboratório, mantendo sigilo, enfrentando barreiras, comunicando ciência, utilizando os dados e abrindo os dados. Essas categorias expressam o fenômeno dentro do contexto estudado, emergindo uma teoria às práticas relacionadas aos cadernos de laboratório, a auto-organização da dicotomia entre a comunicação e o sigilo na ciência. Evidenciam-se, portanto, desafios para uma reforma do pensamento que fuja da disjunção do conhecimento e siga em direção às interações e à totalidade.