FRAGILIZAÇÃO POR METAL LÍQUIDO DE AÇOS AVANÇADOS DE ALTA RESISTÊNCIA DURANTE A SOLDAGEM ROBOTIZADA APLICADA NO SETOR AUTOMOTIVO
Fragilização por Metal Líquido; Aço Dual-Phase; GMAW Pulsado; Planejamento experimental
A larga utilização de aços avançados de alta resistência (AHSS) no setor automotivo se dá em virtude das características destes materiais, como elevada resistência mecânica e ao impacto, estampabilidade e reciclabilidade. Assim, chapas finas podem ser utilizadas, reduzindo o peso dos veículos, levando à menor emissão de poluentes, sem renunciar à segurança veicular. Para evitar a degradação das propriedades mecânicas durante os processos de fabricação, pesquisadores são impelidos à busca do entendimento dos fenômenos decorrentes dos processos de união dos metais. Neste contexto, a fragilização por metal líquido (LME) é um fenômeno ainda não compreendido em sua plenitude. A hipótese deste trabalho consiste em mostrar que aços Dual-Phase 600 galvanizados a quente (DP 600 GI) são suscetíveis à LME quando submetidos à soldagem por arco elétrico com eletrodo consumível e proteção gasosa (GMAW) com elevado nível de restrição e, além disso, que a espessura do revestimento é um fator relevante para a ocorrência deste fenômeno. Logo, esta tese de doutorado tem por objetivo avaliar o comportamento da LME em um AHSS do tipo DP 600 durante a soldagem robotizada GMAW. No âmbito deste exame de qualificação, o metal de base como recebido foi caracterizado pelas técnicas de microscopia ótica e eletrônica de varredura, difração de raios-X e fluorescência de raios-X. Valores otimizados dos parâmetros de soldagem foram definidos mediante uso da metodologia de delineamento de experimentos (DoE) para as respostas energia de soldagem, dureza na interface entre a zona termicamente afetada (ZTA) e a zona fundida (ZF), extensão da ZTA e massa adicionada à junta. Os resultados deste estudo mostraram que o metal de base apresenta uma microestrutura bastante refinada, com ilhas de martensita dispersas em uma matriz ferrítica. A espessura média do revestimento é igual a 7,271 ± 1,435 µm e há uma camada intermediária de Al entre o metal de base (rico em Fe) e o revestimento (rico em Zn). Os difratogramas não indicaram a presença de austenita retida, nem de intermetálicos Fe-Zn. As juntas soldadas apresentam um pico de dureza na interface ZTA/ZF, atribuída à possível formação de martensita na ZTA de grãos grosseiros; ademais, apresentaram queda de dureza próximo ao metal de base (ZTA subcrítica) devido ao revenimento da martensita. As análises do DoE resultaram na obtenção de três conjuntos de parâmetros otimizados para a sequência do estudo, a qual contará com a galvanização das chapas para obtenção de diferentes espessuras de revestimento e realização de soldagens com elevado nível de restrição.