DESIGN ERGONÔMICO DE APLICATIVOS MÓVEIS: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DA INTERFACE GESTUAL DE DISPOSITIVOS SMARTPHONES COM FOCO NAS IMPLICAÇÕES PARA CONFORTO FÍSICO E SAÚDE DOS USUÁRIOS
Avaliação Ergonômica. Smartphones. Interface Gestual. Desconforto. Musculoesquelético. Design Ergonômico.
Os smartphones se popularizaram rapidamente, alcançando parte significativa da população mundial. O gesto, captado através da tecnologia touchscreen (tela sensível ao toque), caracteriza-se como a principal forma de interação com esse dispositivo, facilitando a vida das pessoas em diferentes tarefas diárias, e, contudo, também afetando de forma negativa a saúde dos seus adeptos em diferentes aspectos, sejam físicos ou psicológicos. A partir de tal constatação, esta pesquisa buscou aplicar procedimentos práticos e viáveis para identificar inconformidades ergonômicas que comprometam o conforto físico e as estruturas musculoesqueléticas envolvidas nessa interação. Assim, esta pesquisa tem como finalidade desenvolver um método de avaliação da ergonomia física da interface gestual dos smartphones, através do planejamento dos procedimentos e seleção de técnicas e ferramentas que auxiliem na identificação de problemas que essas interfaces gestuais podem ocasionar no corpo dos seus adeptos, para, em seguida, propor soluções adequadas que reduzam o desconforto e as sobrecargas biomecânicas. Desse modo, foram desenvolvidos três estudos: (1) pesquisa com brasileiros usuários de smartphones para identificar características demográficas, hábitos de uso e a relação com a percepção do desconforto; (2) primeira experimentação, com 10 voluntários, para avaliar a interface original do feed do Instagram com três maneiras distintas de interação (interfaces A, B e C); (3) segunda experimentação, com 12 voluntários, para comparar a forma predominante de uso da interface original (interface A) e o redesign da interface (interface X), com a aplicação das recomendações ergonômicas para reduzir movimentos extremos (alcançabilidade) e a quantidade de movimentos repetitivos (repetitividade). Os dois últimos estudos foram de caráter experimental, feitos com usuários reais, para validar o método proposto, sendo coletados dados fisiológicos objetivos (ângulos articulares, temperatura da pele e antropometria da mão) e perceptivos subjetivos (desconforto, esforço e estresse). Os resultados do Estudo 1 indicam que há influência do gênero, da preexistência de problemas musculoesqueléticos, e do tempo de uso diário na percepção do desconforto. Além disso, os Estudos 2 e 3 confirmam a hipótese de que os posicionamentos inadequados dos elementos interativos e as ações gestuais repetitivas afetam diretamente a percepção do desconforto nas mãos durante o uso, e que essas variáveis podem ser manipuladas através do design ergonômico da interface digital.