A SIMPLICIDADE MESTIÇA DE LINA BO BARDI: expressões e transformações conceituais
Simplicidade. Lina Bo Bardi. Modernismo Brasileiro. Design Brasileiro.
A arquiteta e designer ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992) é reconhecida como uma das mais importantes profissionais de seus ramos de atuação no Brasil, onde se naturalizaria em 1951 e viveria até o fim de seus dias. A partir de sua chegada ao país em 1946, Lina iniciou o processo do que seria um mergulho profundo nas raízes culturais e populares brasileiras, o que, ao fim da vida, acreditava que seria a fonte para a construção de uma verdadeira identidade autóctone. Para Lina, os artefatos produzidos pelo brasileiro que resolvia problemas em um cotidiano de barbárie – termo que usava para referir-se às condições de quem sofria com a falta de recursos e com o descaso dos poderes públicos, levavam ao que chamou de um impasse do design: o país deveria caminhar do que ela via como um pré-artesanato a um design de características nacionais. A simplicidade, na sua obra, surgiu como discurso escrito, ainda na fase italiana, e depois passou ao discurso projetual, ao longo dos anos, quando foi se transformando conceitualmente, processo reforçado pelas vivências pessoais e profissionais, que a levaram a (re)conhecer a simplicidade dos artefatos populares. Sendo assim, esta tese tem como objetivo analisar as expressões e transformações da noção de simplicidade, entre os anos de 1946 e 1992, na produção escrita, projetual e nas ações culturais de Lina Bo Bardi, no Brasil. A pesquisa, de natureza qualitativa e que se conforma como um estudo de caso único, tem como base as evidências e dados obtidos na investigação realizada na dissertação Lina Bo Bardi, architetto e designer: um estudo de caso sobre a fase italiana (1939-1946), elaborada pela mesma autora da tese, e se fundamentou em teóricos do campo da Filosofia para definir o que é Simplicidade, na literatura que trata sobre a história da Arquitetura e Design brasileiros, período contemporâneo à fase brasileira de Lina e nas fontes primárias constituídas por textos escritos pela própria arquiteta, em português e em italiano. Os estudos possibilitaram a observação do amadurecimento intelectual de Lina, noção que foi percebida a partir das transformações nas expressões da simplicidade, de modo que esta passou de notadamente tangíveis para majoritariamente intangíveis, ao longo dos anos, conforme Lina sentia-se cada vez mais ligada ao seu país de escolha.