Da autoprodução ao licenciamento: um estudo de caso do design de mobiliário autoral contemporâneo brasileiro
Autoprodução. Mobiliário contemporâneo. Design contemporâneo. Design Brasileiro.
A autoprodução é um sistema produtivo em que o designer – desenvolvendo
trabalho autoral e de acordo com uma estratégia própria – é responsável por
gerenciar o processo de design em sua totalidade: a concepção, produção,
distribuição e comunicação de seus produtos. O fenômeno é pouco estudado da
perspectiva do design autoral brasileiro, e a sua grande maioria fruto de pesquisa
européia. Buscou-se compreender essa atividade na produção do mobiliário
contemporâneo brasileiro utilizando o estudo de caso do Estúdio Galho, que
registrou as estratégias e adaptações de um estúdio de design jovem para continuar
ativo, apesar dos impactos sócio econômicos gerados por uma pandemia e demais
fatores de ordem administrativa federal. Através de análise de documentos, dos
artefatos, da presença digital e entrevista com os designers responsáveis, foi
possível compreender as motivações para empreender através do design autoral,
bem como a relação simbólica do repertório de designers nordestinos que destacam
lembranças lúdicas da infância e utilizam referências regionais na configuração
formal de suas peças. No entanto, fatores como o isolamento social prolongado, a
inflação que afetou o custo dos insumos, bem como o preço elevado do transporte
de cargas para outras regiões de um país de proporções continentais foram
determinantes para o encerramento temporário das atividades de autoprodução
desde 2020. Até a melhora das condições produtivas locais, optaram pelo sistema
de licenciamento dos seus produtos autorais, contando com a estrutura de empresas
maiores para os processos de produção, distribuição e parte da comunicação. A
experiência desse modelo produtivo vem a cada dia sendo modificada para garantir
maior controle sobre a qualidade esperada no processo de concepção, e se mostrou
uma alternativa importante para a sobrevivência do micro empreendimento. Os
designers conseguiram manter, diante das condições produtivas possíveis no
momento, continuar com a linguagem que começaram a construir em seu processo
de autoprodução inicial: a referência da cultura local.