Carnaval, política e imagens da dor: sintomas e fantasmas no pathos bajadeano segundo o pensamento de Georges Didi-Huberman.
Bajado, Didi-Huberman, metapsicologia das imagens
Durante a década de 1960 até o final das década de 1980, viveu em Olinda um artista gráfico e pintor naïf conhecido no mercado internacional da arte como “Bajado, um artista de Olinda”. Embora fosse um homem simples, Euclides Francisco Amâncio fazia declarações que tanto valorizavam sua autenticidade criativa enquanto artista, como também evidenciavam o caráter crítico de um artista popular que viveu sendo qualificado, classificado e analisado pelo olhar dos especialistas que viveram em seu próprio tempo. Associado a uma arte de caráter unicamente festivo, alegre e sobretudo inocente, resumido na máxima da arte popular carnavalesca, que fora do contexto histórico então vigente (a ditadura militar), fez com que a potente poética do carnaval perdesse parcialmente, ao longo dos anos por meio de leituras superficiais, o teor crítico e político inerente a esse fenômeno artístico. Bajado foi um artista da classe popular, e o seu imaginário compartilhado com os seus contemporâneos, mitificam o imaginário de um povo sofrido, oprimido e resistente. A partir desses aspectos, a reflexão de Didi-Hubermam oferece caminhos alternativos para uma leitura emancipatória das imagens artísticas partindo do estudo do pathos e da sintomatologia das imagens. Com isso, essa tese oferece para o campo do Design (em especial as pesquisas em história do design e memória gráfica), uma abordagem metapsicológica das imagens.