ONDE O SERTÃO SE FAZ MORADA: Imaginários Poéticos da Casa Sertaneja
sertão; casa do sertão; lugar; imaginário; sertanejo.
O Sertão é do tamanho do mundo”, afirma Guimarães Rosa (1986) em grande Sertão: Veredas. Esta frase é o mote inicial de uma inquietação que leva a uma conexão imediata com o sentido de ser-no-mundo, de Heidegger. Esta dimensão que Rosa dá ao Sertão é constituída por todos os imperativos que o circunda, e apesar da importância de todos eles para a construção do imaginário sertanejo, a casa e a forma de morar do sertanejo precisam ser analisados com mais atenção, para compreender como se dá essa relação entre habitat, habitação e habitante, pelo campo da subjetividade. Sendo assim, o presente trabalho tem o objetivo principal de compreender através de uma investigação poética e afetiva a relação entre o sertanejo e a casa do sertão com o seu imaginário, além disso, busca-se discutir como o imaginário se manifesta no sertão e como isso influencia no morar no sertão e na apropriação do lugar; e, ainda, identificar como o sertanejo reconhece os elementos presentes no seu imaginário através das marcas identitárias que compõem sua subjetividade. Para isso, serão discutidas as noções do imaginário, considerando as teorias de Gilbert Durand, a poética do espaço de Bachelard, genius loci de Norberg-Shulz, as contribuições para a composição do imaginário sertanejo por Guimarães Rosa, Euclides da Cunha e Ariano Suassuna. Além do da identificação desse imaginário sertanejo a partir da música, a arte e literatura que serão elementos imprescindíveis para esta análise. Por fim, após essa travessia pelas teorias e pelo reconhecimento dos elementos constituintes do imaginário sertanejo, será identificado como o sertão e o sertanejo se espelham no espaço da casa, e finalmente, como a casa do sertão enquanto espaço habitado abriga, quase que de forma simbiótica, o ser, o lugar e o tempo