De degredo à paraíso turístico: a produção do espaço na Ilha de Fernando de Noronha e os reflexos da pandemia de COVID-19.
Produção do espaço; Turismo; Fernando de Noronha; Pandemia; Covid-19.
O turismo tem se mostrado uma atividade de forte importância econômica diante das receitas que tem gerado por todo o globo. Outrossim, se configura como uma atividade essencialmente capitalista, já que foi no bojo deste modo de produção que ela se desenvolveu e tomou sentido. Para que ele aconteça, territórios precisam ser arranjados, com a introdução de novos objetos técnicos, ou reorganizados, quando os objetos técnicos preexistentes são utilizados de forma a satisfazer o aparelhamento turístico. Tais dinâmicas acarretam mudanças significativas para os lugares e suas populações nas esferas sociocultural, espacial e econômica e, sendo o espaço um produto das relações sociais do modo de produção vigente, reflete as dinâmicas da sociedade e dos atores que o produzem. Como destino turístico, o Distrito Estadual de Fernando de Noronha (PE) tem atraído cada vez mais visitantes, ano após ano, por seus atrativos naturais de extrema beleza e características insulares. Nesse sentido, tendo em vista que espaços produzidos para o turismo se tornam altamente dependentes de um fluxo de demanda constante e que, diante da pandemia da Covid-19 estes fluxos tiveram de ser interrompidos, buscamos investigar que impactos este panorama gerou para a economia de Fernando de Noronha. Para tanto, foram levantados dados primários em série histórica de 2012 a 2021 sobre o fluxo aéreo; fluxo de visitantes; indicadores dos meios de hospedagem; empregos formais nas atividades características do turismo e receita distrital arrecada pelo Governo Estadual. Constatamos que os efeitos negativos foram marcantes, mas que, apesar deste cenário ruim em 2020, o ano de 2021 já apresentou uma recuperação em alguns dos casos já superior aos anos anteriores à pandemia. Também concluímos que embora o panorama de retomada da normalidade esteja otimista, é preciso rever até que ponto é saudável para os lugares depender de apenas uma única atividade econômica.