O alcance e os limites do controle administrativo municipal sobre a produção imobiliária
Direito de construir, Controle Administrativo, Produção Imobiliária
O acúmulo de processos de produção imobiliária pode repercutir e modificar intensamente os espaços urbanos. Ainda que transformados os espaços por ações individuais, a cidade é vivida no conjunto de sua obra. Não há edificação hermeticamente isolada, todas compõem um sistema de recíproca e mútua influência. Nesse contexto, a imposição pelo Poder Público de limites e condicionantes à atuação do particular pode ser analisada como prerrogativa direcionada à garantia da qualidade de vida urbana. Na cidade do Recife, contudo, após a edição da Lei dos Doze Bairros - que restringiu os parâmetros construtivos nas áreas mais nobres da cidade, ocasionando um deslocamento de investimentos imobiliários para os bairros vizinhos –, os bairros da Torre e da Madalena tiveram a sua morfologia rapidamente transformada sem a exigência de qualquer estudo de avaliação dos impactos das construções. Assim, a dissertação tem como objetivo investigar o alcance e os limites da atuação da Administração Pública municipal para o controle da produção imobiliária no exercício de sua competência de ordenação territorial. As discussões teóricas perpassam a interferência do Poder Público no exercício do direito de construir do particular no âmbito do processo de licenciamento urbanístico e a conciliação entre perspectivas individuais e coletivas.