Ambire et Ludere: a arquitetura como ambiente facilitador
Palavras-chave: arquitetura infantil; parques infantis; ambiente facilitador;
desenvolvimento da criança; ludicidade; espaço-entre.
Resumo
Partindo da Teoria do Amadurecimento proposta por D. W. Winnicott, este estudo
pretende elaborar uma visão possível acerca do pensamento e prática arquitetônica
voltada à infância. Os diálogos transdisciplinares permitem estabelecer conexões
entre conceitos da psicologia, como ambiente facilitador, transicionalidade e
affordances, com reflexões sobre a dimensão lúdica presentes em Huizinga e Caillois.
Este percurso leva a um entendimento de que o papel do ambiente no
desenvolvimento infantil pode ser interpretado pelo brincar enquanto atividade
fundamental da constituição humana. Consequentemente, para a arquitetura, pode
ser proveitoso refletir acerca dos espaços construídos de uso lúdico: os parques
infantis. Um olhar histórico da invenção e evolução deste tipo de espaço revela
diferentes valores atrelados à sua forma, de acordo com época e lugar, e em certa
medida, sua padronização global a partir do séc. XX. Alguns exemplos distintos
ajudam a enxergar diferentes formas de produção destes espaços, com destaque
para os playgrounds de Aldo van Eyck em Amsterdam. Seu uso do conceito de
espaço-entre, relacionando infância e urbanidade, aproximam a discussão proposta
e o território urbano. Para ilustrar a visão proposta no trabalho, uma última etapa
contempla uma breve observação e análise de alguns espaços infantis públicos da
cidade do Recife.