Banca de QUALIFICAÇÃO: MARCIO BEZERRA MARTINS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARCIO BEZERRA MARTINS
DATA : 31/08/2023
LOCAL: Sala MDU UFPE
TÍTULO:

FABRICANDO VALORES: a construção e identificação de valores atribuídos a edifício e conjuntos industriais desativados

PALAVRAS-CHAVES:

Valor, Patrimônio Industrial, Atributos, Sujeitos, Conjuntos industriais desativados

PÁGINAS: 86
RESUMO:

O presente estudo analisa a noção de Patrimônio Industrial e os percursos de sua circulação e aplicação - identificação de bens, caracterização de atributos, atribuição de valores e medidas protetivas - no cenário nacional, especialmente nas práticas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. A hipótese é de que, apesar de uma pequena quantidade de bens, com atributos associados à industrialização, terem sido tombados, o valor predominante não se referia às suas peculiaridades enquanto exemplar da cultura industrial. O percurso metodológico se apoia nas noções de Arqueologia Industrial e de Valor. A primeira, surgida em meados dos anos 1950, como campo de estudos que se dedica a produzir informações sobre a cultura associada à industrialização, ensejando a emergência de uma categoria patrimonial específica, o patrimônio industrial. O segundo conceito, conforme propõe Nietzsche, foi analisado como uma dimensão de poder, campo de disputas entre agentes em busca da afirmação de seus pontos de vista e escolhas. Observou-se que, as diversas classificações e hierarquizações de valor são formas de demonstrar poder/influência, em função dos interesses de quem a propõe, o que nos permite inferir que, toda e qualquer classificação é possível e válida, não havendo critério universal de valoração. Com esses dois suportes teóricos, investigou-se a Arqueologia Industrial desde seu contexto de surgimento, os desenvolvimentos subsequentes, os aportes teóricos e consolidação do campo, bem como a sua utilização na prática da conservação. Para o caso brasileiro, vem sendo feito um itinerário dessa noção a partir das seguintes entradas i) história da técnica e tecnologia, ii) arquitetura de engenhos e fazendas de café, iii) arquitetura do ferro e ferroviária, iv) habitação e vilas operárias, v) história econômica e empresarial (biografias de empreendedores industriais vi) indústria têxtil, e como esses estudos encontraram rebatimento na prática institucional. A partir de pesquisa bibliográfica e documental - processos de tombamento, atas de reunião do conselho consultivo do patrimônio, orientações normativas, publicações da linha editorial do IPHAN, Documento da Política do Patrimônio Cultural Material - investigou-se “qual o lugar do Patrimônio Industrial?” A partir da consulta aos autos de processo está sendo avaliado como se constrói “fabrica” a argumentação de valor para os bens estudados. Nesta etapa do estudo está sendo montada uma matriz de atributos dos sujeitos envolvidos - membros do conselho - com o intuito de avaliar as parcelas de composição do capital pessoal (intelectual, econômico, social) e como estas influenciaram a atuação. Os resultados, até então obtidos, indicam que as dimensões que conferem especificidade ao patrimônio industrial, nem sempre são consideradas nos processos de tombamento e em alguns casos ocasionaram perda de atributos ou até desaparecimento de bens.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1132357 - VIRGINIA PITTA PONTUAL
Interna - 2132349 - NORMA LACERDA GONCALVES
Externa ao Programa - 1056213 - JULIA DA ROCHA PEREIRA - UFPEExterno à Instituição - ANA MARIA FERNANDES - UFBA
Externo à Instituição - RODRIGO JOSE CANTARELLI RODRIGUES - FJN