Rastros melancólicos nas poesias oníricas de Jorge de Lima e Murilo Mendes
Melancolia; Poesia; Fotomontagem; Murilo Mendes; Jorge de Lima.
O objetivo dessa dissertação é cotejar as obras A poesia em pânico (1937), de Murilo Mendes e A pintura em pânico (1943), de Jorge de Lima, com ênfase nos traços melancólicos presentes em cada produção. Para isso, recuperaram-se os estudos teóricos acerca da melancolia, sobretudo, no que concerne aos sentimentos de perda e tristeza, inerentes a essa condição, como discute Freud (2010). Nessa perspectiva, observou-se que – em ambas as obras – a melancolia encontra sua gênese no momento de ruptura com o sagrado, quando os sujeitos líricos se afastam das religiosidades. Nos livros mencionados, a representação melancólica é percebida tanto no pensamento de punição divina quanto nos versos/fotomontagens em que se evidenciam aspectos de autodepreciação. Ademais, verificou-se que, em A pintura em pânico, o acréscimo de outro sistema semiótico – a fotomontagem – engendra uma nova maneira de catalisar imagens melancólicas, inclusive porque o alagoano dialoga não apenas com Murilo Mendes, mas com outras obras da história da arte. Portanto, a estrutura fragmentada – intrínseca à técnica da collage – já aponta para a presença da melancolia. Starobinski (2016), Freud (2010), Quinet (2006) Costa Lima (2017), Eisenstein (2002) e Friedrich (1978)embasam o itinerário critico-analítico desse trabalho.