Metaficção e Intermidialidade no romance Agá (2019), de Hermilo Borba Filho
Metaficção; Intermidialidade; Decolonialidade; Hermilo Borba Filho; Romance
Abordaremos ao longo deste trabalho o caráter metaficcional no romance Agá (2019), de Hermilo Borba Filho e sua relação com os elementos das histórias em quadrinhos presentes no capítulo O livro dos mortos, que possui características que dialogam com as peculiaridades da escrita de Hermilo e as ilustrações de J. Cláudio, fortemente carregada de intertextualidade e intermidialidade. Para tal, abordamos questões relacionadas à metaficção, intertextualidade e intermidialidade. A primeira, no que diz respeito, principalmente à autoficção, tão presente no romance de Hermilo. Trouxemos o pensamento de Linda Hutcheon (1980; 2013) e Patrícia Waugh (2001), com suas abordagens a respeito da metaficção e do romance moderno. Acionamos também contribuições de Eleonor Arfuch (2010), Gustavo Bernado (2010) e Leila Perrone-Moysés (2016). Na intertextualidade iremos dialogar com as ideias de Julia Kristeva (2005), inspirada no pensamento de Bakhtin (1895-1975) sobre o dialogismo; e, ainda, Gérard Genette (2010) e a teoria da transtextualidade, com recorte para o que ele nomeia de hipertextualidade. No quesito intermidialidade, norteados também por Hutcheon (2013), pesquisaremos obras artísticas de mídias diversas que se inspiraram, ao longo do tempo, na escrita de Hermilo. Relacionamos elementos basilares das histórias em quadrinhos, aproximando os signos possíveis com a obra hermiliana, através de estudos embasados em Thierry Grensteen (2015), Will Eisner (1989), Moacy Cirne (1970). Também analisamos alguns personagens do capítulo O livro dos mortos, acrescendo à questão estética/linguística, uma abordagem também sócio-política, a partir de teorias decoloniais através dos trabalhos de Nelson Maldonado-Torres (2012, 2018), Ramón Grosfoguel (2008), Aníbal Quijano (1998, 2000) e Silvia Cusicanqui (2010). Assim, problematizamos as narrativas de Zumbi dos Palmares, Antonio Conselheiro, Padre Roma, Frei Caneca e Tiradentes, tanto do ponto de vista de escrita, ilustrações e suas inter-relações, quanto da perspectiva de suas lutas contra cada sistema opressor a eles relacionados, como colonialismo, imperialismo, etc. O objetivo desta pesquisa foi contribuir para a fortuna crítica da obra hermiliana, bem como estabelecer vínculos estéticos entre a literatura e as histórias em quadrinhos, propiciando material de pesquisa para uma linguagem que vem crescendo como tema no círculo acadêmico, qualificando a sua prática e compreensão.