MEMÓRIAS NA COMUNIDADE ATLÂNTICA: um estudo a partir do romance Les Fantômes du Brésil (2013).
Francofonia; Literatura africana de expressão francesa; Fantasmas; Memória dos mortos; Ancestralidade; Diáspora
Esta pesquisa estuda a memória através do romance africano Les Fantômes du Brésil (2013), de Florent Couao-Zotti. Ambientando no Benin, esta literatura traz em evidência o grupo denominado como os agoudás, que têm uma profunda ligação com o Brasil, terra de seus antepassados. Assim, nossa pesquisa traz vários trechos pertinentes do romance, todos traduzidos diretamente do francês beninense. Nestes trechos, a cultura brasileira é utilizada como um lugar aparentemente seguro e natural para se afirmarem no contexto da sociedade africana. Esta pesquisa procura analisar criticamente esta aparente naturalidade da cultura brasileira incorporada, através dos trechos da obra. Classificando o contexto dentro de uma perspectiva de ambivalência diaspórica, elementos são analisados tais como memória, língua, sincretismo religioso, feijoada, bumba-meu-boi, fantasmas e memória dos mortos. Dessa forma, ferramentas elaboradas por teóricos e pesquisadores também são utilizadas para nossa análise, destacando-se Milton Guran (2002) na contextualização dos agoudás, Paul Ricoeur (1995) na crítica da linguagem no romance e Sigmund Freud (2013) na análise da memória dos mortos. De início, esta pesquisa também traz uma necessária contextualização da obra dentro da literatura africana de expressão francesa, a partir do pensador Georges Ngal (1994). Assim, a partir da obra Les Fantômes du Brésil (2013), busca-se esclarecer nesta pesquisa a relação de como os agoudás utilizam (ou reinventam) as memórias e elementos culturais do Brasil, potencializando realidades latentes de questões sociais do próprio Benin.