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Banca de QUALIFICAÇÃO: FRANCIS WILLAMS BRITO DA CONCEIÇÃO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: FRANCIS WILLAMS BRITO DA CONCEIÇÃO
DATA : 18/03/2024
LOCAL: Online
TÍTULO:

INTERMITÊNCIAS (DE)COLONIAIS: COLONIALIDADE DO CORPO E DO ESPAÇO NO ROMANCE CONTEMPORÂNEO DE ELIANA ALVES CRUZ


PALAVRAS-CHAVES:

Romance brasileiro contemporâneo. Eliana Alves Cruz. Colonialidade do espaço. Colonialidade do corpo


PÁGINAS: 120
RESUMO:

A presente tese investiga como as reminiscências de um passado colonial se estabelecem como norma de colonialidade na representação literária contemporânea, perpassando muitas dimensões da vida social, do trabalho, das sexualidades, religiosidades e das subjetividades, considerando, especialmente, categorias como corpo e espaço nos romances Água de barrela (2018a), Crime do Cais do Valongo (2018b), Nada digo de ti que em ti não veja (2020) e Solitária (2022), da escritora brasileira Eliana Alves Cruz. Esta pesquisa revisita as configurações históricas do escravismo colonial (Gorender, 2016) operado aqui, sobretudo entre os séculos XVIII e XIX, quando ainda persistiam os desmandos do tráfico de pessoas escravizadas da África para o Brasil. Interessa-nos ainda observar como tais fenômenos dialogam com as temporalidades do presente, atravessando-as por meio de vetores coloniais persistentes, a exemplo do racismo e da exploração em ambientes de trabalho com condições desumanas, como é o caso da protagonista do livro Solitária (2022). Nesse sentido, a partir dos conceitos de “colonialidade do espaço” e “colonialidade do corpo”, ideias-chave deste trabalho, propomos a ampliação das fronteiras do pensamento que demarcam as concepções de colonialidade do ser, poder, saber e do gênero, apontando que tanto o espaço como o corpo sofrem intermitências coloniais: 1) o espaço, quando os grupos subalternizados são desterritorializados do seu lugar de pertencimento em função de suas marcações identitárias [a divisão racial do espaço, por exemplo, no entendimento de Lélia Gonzalez (2019)]; 2) o corpo, quando ultrajado pelo necropoder e pelas doenças infecciosas que povoaram a atmosfera dos navios, as sendas dos cativeiros, os corredores dos engenhos e as vielas dessanitizadas pelas quais transitavam, principalmente, pessoas negras. Para tanto, nos fundamentarão os seguintes aportes teóricos: no que diz respeito às dinâmicas do romance contemporâneo e da autoria feminina, utilizaremos as discussões de Dalcastagnè (2012), Evaristo (2009), Figueiredo (2020), Forster (2005), Hutcheon (1991), Miranda (2019), Morrison (2019), Woolf (2019), Zolin (2009), entre outros; e, no âmbito da teoria crítica da colonialidade, nos basearemos em Castro-Gómez (2005), Césaire (2020), Dussel (1977), Fanon (2002), Ferdinand (2022), Gilroy (2012), Grosfoguel (2016), Mignolo (2003), Missiatto (2021), entre outros. Portanto, ficou evidente na análise das obras literárias que, apesar da política de morte operada pelo necropoder usando as epidemias (a cólera, febre amarela, varíola e o maculo) e da espiral de continuidades históricas do poder colonial, há um agenciamento subversivo performatizado por diversos grupos de personagens, o qual abrange os principais eixos da vida social cooptados pela colonialidade: no eixo da religiosidade, as feiticeiras, curandeiras e as demonizadas realizam as rupturas usando os saberes ancestrais para ligarem-se ao sagrado e não aderindo ao catolicismo nem às práticas religiosas do engenho; no eixo do trabalho, as lavadeiras, amas de leite, escravas de ganho e as empregadas domésticas protagonizam os sucessivos desvios dos tentáculos da exploração, ora fugindo dos engenhos ora comprando a liberdade; e no eixo da sexualidade, as personagens gays, travestis e prostitutas principiam a transgressão dos valores moralizantes impostos a elas.

 

 

 

 

 

 

 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2291987 - ALFREDO ADOLFO CORDIVIOLA
Interna - 2166090 - IMARA BEMFICA MINEIRO
Externo à Instituição - VANESSA NEVES RIAMBAU PINHEIRO - UFPB
Notícia cadastrada em: 29/02/2024 18:57
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