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Banca de DEFESA: GIRLLAYNNE GLEYKA BEZERRA DOS SANTOS MARQUES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: GIRLLAYNNE GLEYKA BEZERRA DOS SANTOS MARQUES
DATA : 01/03/2024
HORA: 09:00
LOCAL: Híbrido
TÍTULO:

Ironia como estratégia de (im)polidez nos debates presidenciais de 2018


PALAVRAS-CHAVES:

Ironia. (Im)polidez. Debates eleitorais. Gerenciamento do rapport.


PÁGINAS: 400
RESUMO:

A presente pesquisa discute como a ironia enquanto estratégia discursiva (Hutcheon, 2000; Brait, 2008) se relaciona com eventos de (im)polidez (Marques; Barros; Costa, 2015). Concebe ambos os fenômenos em sua dimensão interacional, tanto pelo caráter inferencial da significação irônica quanto pelo caráter avaliativo da (im)polidez (Eelen, 2001; Culpeper, 2011b). Assim, investiga-se o papel da ironia na (im)polidez através dos debates eleitorais televisionados realizados durante a disputa presidencial das eleições brasileiras de 2018. Optou-se pelo gênero debate eleitoral por sua estreita relação com a ironia (Aristóteles, 2007) e com a (im)polidez, particularmente naquilo que versa sobre o trabalho de face (Tracy, 2017). Além disso, torna-se importante investigar esses fenômenos no debate eleitoral pelo caráter paradigmático dessa prática discursiva para as demais formas de comportamento político, marcado recentemente por discursos cada vez mais ofensivos (Wodak; Culpeper; Semino, 2021). Parte-se de uma concepção da ironia como estratégia discursiva, que como tal está localizada na dimensão da interação, sendo caraterizada particularmente por sua natureza crítica (Hutcheon, 2000). Por outro lado, considera-se no trabalho que o fenômeno irônico apresenta outras funções além da ofensa, como o humor, mas também o controle emocional e a elevação de status (Dews; Kaplan; Winner, 2007). Além disso, essas funções podem coexistir e se sobrepor, pois a ironia, estruturada na circunlocução, se apresenta de maneira ambígua, fenômeno que se tem convencionalmente chamado de tingimento (Colston, 2007). Considerando a crítica como principal função da ironia, supõe-se que esse recurso discursivo tenda a eventos de impolidez; no entanto, as primeiras menções à ironia no campo a abordaram como uma estratégia de polidez, por permitir criar laços de identificação, como em Brown e Levinson (1987), ou por realizar uma crítica de maneira indireta, que seria considerada menos ofensiva do que uma crítica direta, como em Leech (1983). Isso ocorre por um foco desses estudos iniciais na polidez, concebendo a impolidez apenas em termos de oposição. No início do século XXI, novos trabalhos (Eelen 2001; Watts, 2003; Culpeper, 2011b), pautados na perspectiva que os falantes constroem sobre os eventos em que estão envolvidos, defendem o uso do termo (im)polidez, conectando os dois fenômenos e concebendo seus efeitos efetivamente na dimensão da interação. Essa é a postura defendida neste trabalho que aqui operacionalizamos através da noção de gerenciamento do rapport (Spencer-Oatey, 2005). Assim, conceitos como avaliação, julgamento e relacionamento se tornam centrais, permitindo explorar a (im)polidez enquanto trabalho de face (Goffman, 2011), relacionando nesses termos o fenômeno com a ironia (Tselika, 2015). Portanto, a pesquisa objetiva esclarecer as formas pelas quais a ironia atua nos debates eleitorais como uma estratégia de (im)polidez, particularmente em seu caráter de trabalho de face. Delineia ainda que aspectos da enunciação irônica atenuam o potencial ofensivo da sua natureza crítica ou, por outro lado, que circunstâncias do uso da ironia poderiam intensificar a ofensa. Dessa maneira, a pesquisa se caracteriza como de natureza interpretativa, elucidando os processos envolvidos na construção dos sentidos, irônicos ou (im)polidos, e investigando os efeitos discursivos gerados pelo uso desses recursos, particularmente naqueles aspectos que impactam à face, dada a centralidade dessa categoria para a prática discursiva debate eleitoral. Assim, num primeiro momento, analisou-se a organização interacional do debate eleitoral, identificando seus aspectos estruturais e sua relevância para a interação. Em seguida, observou-se como ocorreu o gerenciamento do rapport (se para o desafio, negligência, manutenção ou aprimoramento) nas trocas interacionais entre os candidatos. Por fim, as ocorrências de ironia foram registradas, detalhando suas funções e analisando suas relações com o gerenciamento do rapport. Esses procedimentos possibilitaram relacionar aspectos da organização do gênero debate eleitoral ao gerenciamento do rapport, além de constatar a relevância da ironia nas interações mais conflituosas. Assim, os resultados indicam que a ironia foi empregada mais frequentemente em interações potencialmente conflituosas, dada sua alta frequência na sequência interacional do confronto direto e nas trocas interacionas orientadas para o desafio do rapport. Dessa maneira, pode-se considerar que ela seja uma estratégia preferencial para esse tipo de situação, corroborando para esse achado a prevalência, nas interações com uso de ironia, do gerenciamento de rapport para o desafio ou negligência. Notou-se ainda que o uso de ironia foi relevante também para o trabalho de face, pois, mesmo minoritárias, algumas ocorrências de ironia surgiram em contextos mais harmoniosos, o que evidenciou as demais funções da ironia, como o humor e a elevação de status. Dessa forma, a ironia atuou, nos debates eleitorais de 2018, não só como um recurso de crítica, catalisando ocorrências de impolidez, mas também desempenhou funções relevantes para o trabalho de face, em situações conflituosas e equilibradas, demonstrando sua relevância para o gerenciamento do rapport em diversas direções.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1767200 - MARIA MEDIANEIRA DE SOUZA
Interno - ***.763.924-** - JOSE HERBERTT NEVES FLORENCIO - UFCG
Externa à Instituição - LILIAN NOEMIA TORRES DE MELO GUIMARÃES - UFRPE
Externa à Instituição - KAZUE SAITO MONTEIRO DE BARROS - UFPE
Externa à Instituição - GISELDA DOS SANTOS COSTA - UFPI
Notícia cadastrada em: 16/02/2024 10:58
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