IMPOLIDEZ E IDENTIDADES EM NARRATIVAS DISSIDENTES NAS REDES SOCIAIS
Impolidez; Identidades Queer; Narrativas; Mídias Sociais.
Com o advento da revolução digital, as formas de socialização passaram a ser mediadas também pelo meio tecnológico. A exemplo disso, temos o amplo uso das redes sociais na rotina da vida contemporânea, de maneira a estreitar a distância entre as pessoas e sua interação. Então, é notável como a acessibilidade a essas redes e a facilidade de emitir opiniões e julgamentos sem se comprometer, pelo distanciamento e, muitas vezes, anonimato proporcionados pelas telas e pelas plataformas de redes sociais, propiciam a inflamação dos discursos e, assim, a ampla presença da impolidez. Nesse sentido, faz-se necessário investigar como a impolidez é gerenciada no meio digital e o que ela tem a ver com os sujeitos que a vivenciam. Sabendo disso, objetivou-se neste trabalho, analisar como se caracteriza a impolidez e a construção das identidades dos interactantes, observando os aspectos co-textuais, contextuais e as escolhas linguísticas, a partir das narrativas de sujeitos dissidentes nos sites de redes sociais, nomeadamente, Facebook e Twitter. A escolha desses sites se deu pelo fato de que são plataformas amplamente utilizadas no Brasil. Para construção dos dados, fizemos uma coleta de 20 postagens e seus respectivos comentários e réplicas, nas duas redes sociais, partindo de uma abordagem qualitativa-interpretativista e etnometodológica. Consequentemente, foi feito um recorte de 10 postagens, obedecendo os critérios da pesquisa, e que fossem mais representativas. Nos apoiando teoricamente na literatura de áreas, tais como, os Estudos da (Im)polidez, Teoria e Linguística queer, e das Narrativas de “small stories”. Então, a análise se deu no sentido de detectar e averiguar como a impolidez é administrada nessas redes, observando a presença de fórmulas convencionalizadas de impolidez e a percepção dos sujeitos queer sobre os episódios por que passaram. Ademais, estabelecemos uma relação da impolidez com a constituição de identidades queer de maneira situada e narrativa. Por fim, nossos achados apontam para o entendimento de que há uma grande relação das experiências de impolidez e as identidades queer, pois há um processo de normatização das identidades queer enquanto não aceitáveis, abjetas e anormais. E é por esse aspecto relacional das identidades que a matriz heteronormativa dentro da nossa sociedade também consegue estabelecer sua identidade como a única possível, adequada, legítima e autêntica.