UM ESTUDO SISTÊMICO-FUNCIONAL SOBRE A REPRESENTAÇÃO DE CRENÇAS DE HOMENS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL – ou quando a identidade é pensada gramaticalmente
Representação de crenças; identidade profissional; linguística sistêmico-funcional; sistema de transitividade.
Nesta pesquisa, objetivo analisar, por meio do Sistema de Transitividade da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), como homens professores de Educação Infantil representam suas crenças e constroem sua identidade profissional a partir de seus relatos orais. Consoante Halliday e Matthiessen (2014), reconheço que a linguagem possui a função de construir nossa experiência de mundo (interna e externa), sendo a língua concebida em sua função de representação. Por representação, entendo a possibilidade de criação da “realidade” por meio da seleção léxico-gramatical feita pelos usuários da língua. De modo que representar, como destaca Fuzer (2008), é constituir versões da realidade significadas via linguagem. Na LSF, opto pelo Sistema de Transitividade, vinculado à subfunção experiencial da Metafunção Ideacional, como instrumental teórico-analítico para detecção e descrição das crenças presentes na identidade profissional dos professores. Além da noção de representação da LSF, utilizo a noção de Identidade Cultural (Hall, 2006; 2016; Woodward, 2014; Machado, 2020) e a noção de Crenças da Linguística Aplicada (Barcelos, 2001, 2007; Assis-Peterson; Cox; Santos, 2010; Vieira, 2019). O corpus foi composto por sete relatos orais de homens professores da Educação Infantil de três municípios cearenses: Fortaleza, Pecém e Morada Nova. Na análise dos dados, detectei que os professores mobilizam um conjunto de crenças a partir de algumas representações, quais sejam: representação das características que um professor de Educação Infantil precisa ter; de suas identidades profissionais; de suas experiências docentes na Educação Infantil; de suas motivações; da comunidade escolar; da inexperiência em relação a cuidados infantis; do gênero masculino como detentor de poder; da afinidade com a área de atuação; das estratégias de permanência e da ausência de homens enquanto professores de Educação Infantil. Além disso, detectar e descrever as crenças por meio das representações me permitiu traçar um perfil identitário de como esses professores concebem a si mesmos enquanto profissionais desse segmento de ensino.