SOLIDÃO HOMOAFETIVA NO ROMANCE ENQUANTO OS DENTES
solidão; homoafetividade; masculinidade; memória; violência
Das muitas temáticas abordas pela ficção de temática homoafetiva, como a homofobia, a saída do “armário” e a liberdade sexual, a solidão é um aspecto que parece ser constante em obras ficcionais desse tipo de literatura, a partir da observação de personagens homoafetivos que não conseguem criar laços de afetividade fixos com outras pessoas, como a família que os excluiu, a sensação de não pertencimento, a efemeridade dos relacionamentos. Desta forma, este trabalho pretende analisar uma solidão homoafetiva, condicionada e potencializada pela performatividade de uma masculinidade subalternizada, no personagem do romance Enquanto os Dentes (2017), do escritor fluminense Carlos Eduardo Pereira. Aqui, ainda que se considere a solidão como inerente à condição humana, também a entendemos como uma imposição social. Para isso, segmentamos nosso estudo em seções que analisam os aspectos que consideramos potencializadores desta solidão. A primeira versa sobre a como a sexualidade se modificou ao longo da história ocidental criando sexualidades normais e anormais, a partir de Foucault (1985, 2006, 2020a, 2020b, 2006); a segunda, nos debruçamos a pensar sobre as masculinidades, apoiados em Connell (2005), Kimmel (1998), Elias e Scotson (2000); na terceira seção, pensamos sobre a noção de solidão, embasada em Minois (2018), Tanis (2003), Dunker (2017); na quarta parte, refletimos sobre como a forma da obra manifesta também a solidão do personagem, com suporte teórico de Ginzburg (2010, 2012 e 2017) e Seligmann-Silva (2008); na quinta seção, estudamos as identidades do personagem, a partir da obra organizada por Silva (2000).