VÓRTEX IRRESOLUTO: Memória, tempo e subjetividade na escritura de Ann Lauterbach
Nosso objetivo é apresentar a obra poética e crítica de Ann Lauterbach delineando quatro aspectos de sua escrita: (1) a irresolução da linguagem poética como traço; (2) a memória e sua interação residual e fragmentária com a linguagem, o tempo e a subjetividade; (3) atitude contemporânea e inatual em relação à tradição e transgressão; (4) o esforço poético de inquietação subjetiva. Assim, por meio desses quatro aspectos, demonstramos como o poeta - nascida em 1942 na cidade de Nova York, Estados Unidos - apreende a linguagem com força arquitetural para sanar ausências. Lauterbach está ciente de que as intenções que provocam a mente e o corpo do artista podem não se alinhar com as apreensões do leitor. A poeta acredita que leitores buscam seus próprios fragmentos significativos. Em seguida, oferecemos uma leitura crítica sobre a memória e sua relação com a escritura da poeta. Nesse caso, abordamos a contração entre lembrança e esquecimento no que diz respeito ao tempo e à subjetividade. Esses aspectos nos levam a mergulhar na qualidade anacrônica do contemporâneo. Argumentamos sobre a concepção de uma percepção polirrítmica, contemporânea e intempestiva, na escrita da poeta. Por fim, chegamos à tensão subjetiva subjacente à obra de Lauterbach. Nesse caso, mostramos como a poeta se move do “eu” egoísta para o “nós” congregacional, esperando um continuum no reino poético como uma forma de comunidade.