Woolf para o leitor contemporâneo: um estudo sobre a escrita do romance As Horas e sua adaptação cinematográfica
As Horas; Fluxo de consciência; Adaptação cinematográfica; Intertextualidade; Virginia Woolf.
Esta pesquisa objetiva analisar o romance As Horas (1999) de Michael Cunningham e a adaptação fílmica homônima de 2002, realizada pelo diretor Stephen Daldry, demonstrando como essas produções apresentam a escritora Virginia Woolf para o público contemporâneo. Neste estudo, examinamos de que maneira o romance de Cunningham se vale da técnica narrativa do fluxo de consciência, utilizada por Virginia Woolf no romance Mrs. Dalloway (1925), configurando uma tripartição em seu enredo e entre as protagonistas, e como essa técnica narrativa foi adaptada para o cinema, utilizando-se de dispositivos narrativos característicos do código fílmico. Para compreender o fluxo de consciência e o elemento formal do ponto de vista, consideramos os estudos de Humphrey (1976) e Friedman (1995), sabendo que o primeiro possibilita a compreensão do formato da técnica que edifica os objetos de estudo desta pesquisa e o segundo elucida acerca dos modos distintos de narrador e suas perspectivas. Ao utilizarmos os conceitos de palimpsesto, releitura e reescrita para tratar da relação das adaptações com o romance woolfiano, os postulados de Nitrini (2010), Lefevere (1992) e Genette (2006) mostraram-se relevantes para o mapeamento do que pode ser lido de Woolf no romance e filme contemporâneos, estabelecendo uma relação intertextual entre eles. Com relação às teorias de adaptação (com foco no audiovisual), os estudos de Hutcheon (2006), Stam (2005), Mcfarlane (1996) e Andrew (2000), nos auxiliaram a compreender a natureza de uma adaptação, que, segundo Hutcheon (2006), é também de um palimpsesto, porém operado na relação entre mídias distintas. A análise da técnica do fluxo de consciência em As Horas e na adaptação dirigida por Daldry nos permitiu compreender de que modo Virginia Woolf foi apresentada a um público leitor/espectador contemporâneo e como esses textos utilizaram dispositivos narrativos distintos em sua própria escrita.