POEMA, METÁFORA E METAPOESIA:
uma leitura de Alberto da Cunha Melo à luz da contingencialidade
Alberto da Cunha Melo; metáfora; contingencial; metapoesia.
Tenho por objetivo fazer a leitura e análise de poemas de Alberto da Cunha Melo, buscando compreender sua visão sobre a poesia, o uso da linguagem e o papel do poeta na contemporaneidade. Inicialmente, são discutidas as transições do modernismo para o pós-modernismo e os efeitos de uma contemporaneidade cada vez mais contingencial na literatura e na filosofia, argumentando-se que a literatura pode oferecer uma abordagem alternativa às questões profundas normalmente tratadas pela filosofia tradicional. Parte-se do pressuposto de que os poemas de Alberto formam uma unidade metafórica que adquire força devido a certas características formais, permitindo reflexões sobre sua produção e a natureza do próprio poema, o que demonstra um uso engenhoso da palavra. Portanto, é necessário considerar a metáfora não apenas como uma figura de linguagem, mas como um processo de construção do conhecimento e de aprofundamento investigativo e reflexivo. Para embasar essa noção de metáfora, são utilizadas as discussões de Ernesto Grassi (1993; 1978; 2001), Maria Zambrano (2000; 2007), Ortega y Gasset (1964; 1996; 1968; 1989) e Richard Rorty (1995; 2000), bem como contribuições de críticos e pensadores como Paul Ricoeur (2005) e Umberto Eco (2004), que abordaram a questão da metáfora e da interpretação. Através da análise dos poemas selecionados de Poemas à mão livre (1969), Oração pelo poema (1969) e Yacala (1999), é possível demonstrar como a poesia de Alberto da Cunho Melo era consciente de si mesma e de sua profundidade temática, apresentando um potencial significativo, apesar do rigor formal enfatizado pelo poeta.