CANAVIEIRAS EM EMBATES NA JUSTIÇA DO TRABALHO: precarização do trabalho, relações de gênero e luta para defender direitos conquistados (Região Sul da Zona da Mata de Pernambuco, 1972-1975)
Mulheres. Trabalho. Zona da Mata Sul. Trabalhadora Rural.
Do século XVI até os dias atuais a comercialização dos subprodutos extraídos da canade-açúcar, em especial o açúcar e o álcool, foi a espinha dorsal da economia do estado de Pernambuco. Dos antigos engenhos aos atuais complexos agroindustriais, tal atividade foi moldada pelos pilares que caracterizavam a plantation, a saber: a monocultura, o latifúndio e a superexploração da mão de obra. A Zona da Mata Sul pernambucana figurou entre as regiões de maior produção sucroalcooleira do Estado e do Brasil. O entrelaçamento do espaço com a atividade refletia-se até mesmo no termo cunhado para designar o local – a zona canavieira. Em todos os períodos históricos o sustento das grandes cifras e altas posições alcançadas pelo empreendimento açucareiro se deu por meio da super exploração da força de trabalho dos homens e das mulheres canavieiros. A história da classe trabalhadora rural foi marcada pelas lutas por melhores condições de vida e de trabalho. Os anos de 1970, recorte temporal da presente dissertação, estavam contidos no período da Ditadura Militar brasileira (1964-1985). Nesse momento da historia nacional a exploração sofrida pelos trabalhadores rurais alcançou níveis maiores, em consequência das mudanças promovidas pela política empreendida para a “modernização” agrícola. E as lutas sociais ganharam contornos políticos mais complexos, em razão da violência perpetrada pelo Estado contra as organizações de trabalhadores. Nesse contexto, as trabalhadoras rurais da Zona da Mata Sul de Pernambuco, inseridas em uma sociedade com um legado escravista e patriarcal, sofriam dupla exploração, as de classe e outras relativas à opressão de gênero. A presente dissertação tem como objetivo realizar estudo sobre a luta para defender direitos conquistados perpetrada pelas trabalhadoras rurais – via Justiça do Trabalho – na região sul da zona canavieira de Pernambuco, nos anos de 1970. Buscou-se compreender como se dava a participação das canavieiras nas relações de trabalho, bem como as atividades desenvolvidas pelas mesmas nas plantações açucareiras. O estudo intentou também apresentar as sanções patronais sofridas pelas trabalhadoras rurais especificamente pelo fato de ser quem eram – mulheres. As lutas empreendidas pelas canavieiras foram de extrema importância para a classe trabalhadora rural como um todo, dessa feita, procurou-se entender suas lutas como parte constituinte e significativa da história dos trabalhadores rurais do Brasil.