TRÂNSITOS ENTRE A HISTÓRIA DA CIDADE COLONIAL DE LUANDA E A MEMÓRIA DOS SEUS BAIRROS INDÍGENAS, 1942 – 1962.
Cidade de Luanda. Bairros indígenas. Indígenas. Urbanismo.
O presente estudo busca o entendimento de uma história de conexões, ligada ao espaço urbano colonial de Luanda. O desdobramento desta história leva-nos para uma escala reduzida que é sinalizada para a questão dos bairros indígenas de Luanda. O objectivo central desta tese é de estudar o que esteve na base para a construção de bairros indígenas em Luanda. Interessa-nos saber de forma categórica como foi o processo de construção de bairros indígenas em Luanda. Para chegarmos aos bairros indígenas de Luanda tivemos que mergulhar nas fontes, procedimento que permitiu um entendimento sobre o espaço urbano colonial de Luanda, o seu léxico e o tipo de linguagem que é acessível quando é descortinada no presente a partir de uma conjugação de métodos. Ao discorrermos para os bairros indígenas, foi necessário intensamente decifrar a cidade, reconhecer o corpo do “indígena” na cidade, a forma como o “indígena” foi tratado na cidade, sobretudo quando a cidade debatia-se com problemas em termos de urbanização. Por outro lado, conseguimos ver a relação da cidade com o interior de Angola, o seu crescimento, o indigenato - (como dispositivo), os musseques, a cidade branca, o urbanismo, neste quesito, olhamos para as questões que tem a ver com as obras em transgressões, a falta de habitação, o que os planos urbanísticos instituem com base a questão indígena na cidade, as expropriações de terrenos, as políticas de urbanização, casas para os tais ditos indígenas, a política indígena, a questão da coabitação na cidade, a instrumentalização de instituições e por último a segregação residencial a partir da separação de bairros e a divisão diferenciada do espaço urbano colonial. Por isso a história da construção dos bairros indígenas não pode estar desassociada às continuidades e descontinuidades de um processo colonial. A construção de bairros indígenas pode ser vista pelo lado social e também como um sinal que nos leva para uma visão contrária onde o racismo relaciona-se, por exemplo, na forma como estes bairros foram concebidos e nos dispositivos criados após a edificação e a ocupação dos fogos habitacionais para os ditos indígenas.