COMO UM TROPEL POR DENTRO: CONCEPÇÕES DE VIDA, SENTIMENTOS E REAÇÕES NA OBRA DE JORGE AMADO
Jorge Amado. Concepções de vida. Sentimentos. Reações. Destino.
As primeiras décadas do século vinte, na Bahia, são marcadas por mudanças e permanências históricas. Sua capital era um lugar que, apesar dos discursos de progresso e civilidade, protagonizava dramas sociais, perceptíveis em moradias improvisadas, epidemias que se prolongavam, prostituição de menores e tipos de trabalho realizados em condições precárias. Ambientado nesse contexto, a obra literária de Jorge Amado, romancista baiano, tornou-se uma importante fonte histórica para se analisar as formas de viver, de sentir e reagir elaboradas por pessoas cujas vidas estavam atravessadas por essa desigualdade social e dilemas existenciais. Se havia gente pobre tentando encontrar respostas para as adversidades que caracterizavam suas experiências de vida, associando-as à questão de como deveriam interpretar o próprio destino, havia, de outro modo, homens com alguma posse econômica ou inserção social mais privilegiada, reivindicando a necessidade de debater o significado da felicidade e da infelicidade, da tragédia de não encontrarem a satisfação para viver. Os romances Jubiabá e O País do Carnaval, publicados por Jorge Amado, respectivamente, em 1935 e 1931, apresentam-se como documentos históricos para compreendermos como tais sujeitos, representando diferentes cenas daquela Bahia, elaboraram concepções de vida. Ou seja, como expressavam sentimentos humanos a partir das relações que estabeleciam e, por fim, como reagiam, com atitudes e pensamentos, diante dos acontecimentos diários, fossem eles previstos ou resultado do acaso. O estudo desses livros possibilita à historiografia notar as sensibilidades de uma época, a subjetividade humana de um dado contexto histórico, bem como as aspirações de mulheres e homens tecidas em meio ao turbilhão da modernidade.