PÓS-VERDADE COMO EPIDEMIA PSICOPOLÍTICA: O cinismo comicrático como modo de normativização social
Filosofia, pós-verdade, psicopolítica, cinismo, ironia.
A presente tese se esforça em esquadrinhar o conceito de pós-verdade ― e suas
fraquezas propositivas ―, popularizado no seio de querelas políticas nacionais e
internacionais a partir de 2016, e submeter-lhe a uma visada filosófica, verificando quais os
pontos de contato mais sensíveis entre a filosofia e a questão pós-veritativa. O que é a verdade
num contexto tecnoepistêmico e político tão complexo, no qual uma suposta “era” pós-factual
pode ser anunciada? Trata-se, também, de oferecer uma leitura filosófica que complemente as
interpretações majoritárias do fenômeno, que nascem preponderantemente da área de
comunicação e tecnologia. A tese temática que se segue propõe, ademais, uma interpretação
que se move num campo psicopolítico, onde filosofia e teorias societárias auxiliam no
fundamento de um olhar hermenêutico que nos permitirá definir a pós-verdade como um
problema de normativização social a partir de um modelo hegemônico de subjetivação que
taxaremos de cinismo comicrático e que se espalha com força de epidemia, decidindo o
destino de grandes democracias.