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Dissertações |
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ALBERICO ARAUJO SIAL NETO
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PODE A PRECARIEDADE SER O FUNDAMENTO DAS RELAÇÕES AGONÍSTICAS?
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Orientador : ERICO ANDRADE MARQUES DE OLIVEIRA
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MEMBROS DA BANCA :
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DIOGO ARRUDA CARNEIRO DA CUNHA
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ERICO ANDRADE MARQUES DE OLIVEIRA
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MARIANA PIMENTEL FISCHER PACHECO
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Data: 07/02/2024
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A democracia radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal dilema consiste no entendimento da política democrática como locus de antagonismos. Isso quer dizer que o conflito e o dissenso são elementos fundamentais da democracia. Nesse sentido, os antagonismos podem ser caracterizados pela forte oposição conflitiva entre nós/eles. Entretanto, o antagonismo não precisa ser aniquilador. As relações agonísticas são relações que mantém em aberto o conflito antagônico sem necessariamente levar à aniquilação. Isso porque, as relações agonísticas transformam as relações de inimigos (antagonismos) em relações de adversários. Essa transformação adversarial ocorre necessariamente pelo reconhecimento de um fundamento comum a todos. Todavia, não é possível identificar dentro da democracia radical a constatação de qual seria esse fundamento comum. A hipótese defendida é que a noção de precariedade formulada por Judith Butler pode ser tida como o fundamento dessas relações. Isso porque a precariedade é uma condição generalizada que releva a nossa necessidade de outras pessoas a fim de suprir uma determinada falta. Assim, a precariedade engloba as necessidades fisiológicas e afetivas que temos de outras pessoas. A precariedade, portanto, revela que somos faltantes e incompletos. Desse modo, a generalidade da precariedade estimula a oposição à violência dirigida a outros, mesmo quando esses outros estão longe de nós ou não parecem compartilhar nenhum dos nossos valores. Isso em vista, a precariedade pode ser entendida como o fundamento das relações agonísticas, uma vez que ela é a rubrica que possibilita a união das mais diversas posições políticas e identitárias. Por fim, vale ressaltar, a relação entre precariedade e relações agonísticas revela o projeto butleriano de teorizar a coalizão como uma alternativa possível e desejável na política democrática.
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A democracia radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal dilema consiste no entendimento da política democrática como locus de antagonismos. Isso quer dizer que o conflito e o dissenso são elementos fundamentais da democracia. Nesse sentido, os antagonismos podem ser caracterizados pela forte oposição conflitiva entre nós/eles. Entretanto, o antagonismo não precisa ser aniquilador. As relações agonísticas são relações que mantém em aberto o conflito antagônico sem necessariamente levar à aniquilação. Isso porque, as relações agonísticas transformam as relações de inimigos (antagonismos) em relações de adversários. Essa transformação adversarial ocorre necessariamente pelo reconhecimento de um fundamento comum a todos. Todavia, não é possível identificar dentro da democracia radical a constatação de qual seria esse fundamento comum. A hipótese defendida é que a noção de precariedade formulada por Judith Butler pode ser tida como o fundamento dessas relações. Isso porque, a precariedade é uma condição generalizada que releva a nossa necessidade de outras pessoas a fim de suprir uma determinada falta. Assim, a precariedade engloba as necessidades fisiológicas e afetivas que temos de outras pessoas. A precariedade, portanto, revela que somos faltantes e incompletos. Desse modo, a generalidade da precariedade estimula a oposição à violência dirigida a outros, mesmo quando esses outros estão longe de nós ou não parecem compartilhar nenhum dos nossos valores. Isso em vista, a precariedade pode ser entendida como o fundamento das relações agonísticas, haja vista que ela é a rubrica que possibilita a união das mais diversas posições políticas e identitárias. Por fim, vale ressaltar, a relação entre precariedade e relações agonísticas revela o projeto butleriano de teorizar a coalizão como uma alternativa possível e desejável na política democrática.
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HEMERSON LUAN FARIAS DE BARROS
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SYNCATEGOREUMATA DE PETRUS HISPANUS: TRADUÇÃO, INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO
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Orientador : MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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MEMBROS DA BANCA :
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ANDERSON DARC FERREIRA
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MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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RODRIGO JUNGMANN DE CASTRO
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Data: 22/02/2024
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Esta dissertação tem como objetivo apresentar a tradução do Livro Syncategoreumata, do filósofo medieval Pedro Hispano, acompanhada de uma introdução sobre cada tratado contido no livro. O estudo acerca das palavras sincategoremáticas da obra aqui traduzida é uma continuação das reflexões elaboradas anteriormente pelo filósofo na obra Summule Logicales, o mais renomado manual de lógica de todo o Medievo. As discussões a respeito da lógica aristotélica-boeciana presentes nestes livros fazem parte do terceiro período da lógica medieval, chamado de logica modernorum. Estes textos que integram a logica modernorum são fundamentais para que se possa compreender as reflexões dos filósofos medievais acerca da linguagem. A presente pesquisa pretende investigar o que as palavras sincategoremáticas elencadas por Pedro Hispano na obra Syncategoreumata significam e em quantas maneiras, além de compreender que mudanças elas provocam nos termos ou nas proposições, a fim de determinar que o estudo acerca das palavras sincategoremáticas constitui um elemento original na lógica medieval.
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Esta dissertação tem como objetivo apresentar a tradução do Livro Syncategoreumata, do filósofo medieval Pedro Hispano, acompanhada de uma introdução sobre cada tratado contido no livro. O estudo acerca das palavras sincategoremáticas da obra aqui traduzida é uma continuação das reflexões elaboradas anteriormente pelo filósofo na obra Summule Logicales, o mais renomado manual de lógica de todo o Medievo. As discussões a respeito da lógica aristotélica-boeciana presentes nestes livros fazem parte do terceiro período da lógica medieval, chamado de logica modernorum. Estes textos que integram a logica modernorum são fundamentais para que se possa compreender as reflexões dos filósofos medievais acerca da linguagem. A presente pesquisa pretende investigar o que as palavras sincategoremáticas elencadas por Pedro Hispano na obra Syncategoreumata significam e em quantas maneiras, além de compreender que mudanças elas provocam nos termos ou nas proposições, a fim de determinar que o estudo acerca das palavras sincategoremáticas constitui um elemento original na lógica medieval.
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GENIVALDO PAULINO MONTEIRO
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TÉCNICA E AÇÃO HUMANA: UM DEBATE A PARTIR DO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT
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Orientador : SANDRO COZZA SAYAO
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MEMBROS DA BANCA :
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CRISTINA AMARO VIANA
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SANDRO COZZA SAYAO
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SANDRO MARCIO MOURA DE SENA
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Data: 23/02/2024
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Depois do arrependimento do físico Julius R. Oppenheimer sobre o uso da bomba de hidrogênio (1945), a relação entre técnica e política tornou-se tema recorrente no debate filosófico. Chegado o século XXI, deparamo-nos com a emergência de uma nova reflexão sobre os efeitos da técnica no âmbito da ação humana. Um dos dilemas decorrentes dessas mudanças dizem respeito aos efeitos das tecnologias da comunicação, da informação e da biotecnologia nos pressupostos éticos e políticos do agir, suscitando as seguintes indagações: Quais os limites da ação humana frente à hodierna intensificação tecnológica? Qual o significado que esta (ação) vem assumindo no momento em que estamos vivendo um novo estágio da técnica? Partindo dessas questões, propôs-se como objetivo desse estudo: analisar e discutir o sentido ético-político do agir humano no contexto tecnológico atual. Para sua realização, apoiou-se nas reflexões de Hannah Arendt. Segundo a filósofa, a crise do sentido ético-político da ação humana que se manifesta no século XX, possui suas raízes nas descobertas técnico-científicas, a partir do século XVII. Tais eventos, ao afetarem o sentido das atividades essenciais da vita activa (trabalho, obra, ação), contribuíram para a insegurança da ação frente aos dilemas decorrentes do avanço tecnológico. É em decorrência dessa condição que emergem da obra arendtiana, temas como: ‘alienação do mundo’, ‘tecnicização da existência’, ‘declínio do homo faber’. Diante disso, buscar-se-á averiguar a capacidade e alcance analíticos do pensamento arendtiano frente ao contexto tecnológico do século XXI.
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Depois do arrependimento do físico Julius R. Oppenheimer sobre o uso da bomba de hidrogênio (1945), a relação entre técnica e política tornou-se tema recorrente no debate filosófico. Chegado o século XXI, deparamo-nos com a emergência de uma nova reflexão sobre os efeitos da técnica no âmbito da ação humana. Um dos dilemas decorrentes dessas mudanças dizem respeito aos efeitos das tecnologias da comunicação, da informação e da biotecnologia nos pressupostos éticos e políticos do agir, suscitando as seguintes indagações: Quais os limites da ação humana frente à hodierna intensificação tecnológica? Qual o significado que esta (ação) vem assumindo no momento em que estamos vivendo um novo estágio da técnica? Partindo dessas questões, propôs-se como objetivo desse estudo: analisar e discutir o sentido ético-político do agir humano no contexto tecnológico atual. Para sua realização, apoiou-se nas reflexões de Hannah Arendt. Segundo a filósofa, a crise do sentido ético-político da ação humana que se manifesta no século XX, possui suas raízes nas descobertas técnico-científicas, a partir do século XVII. Tais eventos, ao afetarem o sentido das atividades essenciais da vita activa (trabalho, obra, ação), contribuíram para a insegurança da ação frente aos dilemas decorrentes do avanço tecnológico. É em decorrência dessa condição que emergem da obra arendtiana, temas como: ‘alienação do mundo’, ‘tecnicização da existência’, ‘declínio do homo faber’. Diante disso, buscar-se-á averiguar a capacidade e alcance analíticos do pensamento arendtiano frente ao contexto tecnológico do século XXI.
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PALOMA DE SOUZA XAVIER
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SOBRE O PROBLEMA DO DESACORDO ENTRE CERTEZAS FULCRAIS: Pessimismo x otimismo
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Orientador : MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
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MEMBROS DA BANCA :
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CAMILA JOURDAN
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LUIZ CARLOS PINHEIRO DIAS PEREIRA
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MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
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ROGERIO FABIANNE SAUCEDO CORREA
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Data: 29/02/2024
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Wittgenstein aborda o conceito de certezas fulcrais em Sobre a Certeza (1969). Estas são proposições das quais, raramente falamos, mas que são fundamentos para nosso sistema de crenças. Wittgenstein nos apresenta um exemplo de desacordo entre certezas fulcrais no §92. Nele, G.E Moore encontra-se com um rei que acredita que a terra nasceu com ele. Fogelin em The Logic of Deep Disagreements (1985,2005) defende que este é um desacordo profundo, um tipo peculiar de desacordo que não é resolvido por meio da razão. Esta posição de Fogelin é denominada pessimista, e outros autores como Pereira (2006), Silva (2016) e Jourdan (2021) compartilham dessa interpretação, mas em contextos diferentes. Por outro lado, os otimistas, como Godden e Brenner (2010), Martin (2019) e Coliva e Palmira (2020), defendem que desacordos profundos podem ser resolvidos por via racional. Entretanto, a própria noção de desacordos profundos, caracterizada por Fogelin, é problemática, uma vez que, se os discordantes não compartilham de um solo comum, um desacordo não seria possível, isso porque, para que seja possível um desacordo em algum ponto, é necessário que os discordantes encontrem algum tipo de convergência de acordo mínimo ou pano de fundo semelhante de crenças. Dessa forma, gostaríamos de oferecer uma resposta alternativa a visão pessimista de Fogelin. Contudo, uma das principais controvérsias a respeito da origem dos desacordos profundos, é referente a natureza das certezas fulcrais. E a possibilidade de elas serem revisadas entra em questão. Tendo este problema em vista, analisaremos a seguinte pergunta: Se as certezas fulcrais forem revisáveis, então, como seriam? Argumentamos em favor de uma leitura normativa ou neopragmática das certezas fulcrais e acreditamos que uma resposta alternativa à Fogelin para o dilema do desacordo entre certezas fulcrais seja não só possível, mas o mais adequado em um contexto social e público de introdução e consolidação de certezas fulcras. Para tanto, utilizaremos o caráter expressivista do método socrático (1988, 1994, 2013), proposto pelo neopragmático de Robert Brandom. O método é um mecanismo racional que nos dispõe de ferramentas inferencialistas e expressivistas. Por exemplo, o vocabulário lógico, no método, nos possibilita dar e receber razões. E gera assim, afirmações explícitas em forma de regras acerca dos compromissos, tornando possível, a partir delas, corrigir relações inferenciais discordantes. Defenderemos que o método socrático a la Brandom, além de ajudar a resolver alguns impasses do Sobre a Certeza, seja uma resposta possível para o problema do desacordo entre certezas fulcrais.
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Wittgenstein aborda o conceito de certezas fulcrais em Sobre a Certeza (1969). Estas são preposições das quais raramente falamos, mas que são fundamentais para o desenvolvimento da Hinge Epistemology. Alguns comentadores, como Stroll (1994), Moyal-Sharrok (2004, 2015) e Coliva (2010), entendem as certezas fulcrais como sendo não epistêmicas ou não proposicionais, isto é, que não podem ser objetos de conhecimento, pois não são passíveis de verdade ou falsidade. Inversamente, outros estudiosos, como Wright (2004, 2014), William (2004, 2005) e Pritchard (2001), defendem uma interpretação proposicional ou epistêmica, ou seja, que podem se tornar objetos de conhecimento, assim como podem ser justificadas. No entanto, se as certezas fulcrais forem não proposicionais, como seria possível uma revisão? Sabemos que revisões são necessárias em comunidade entre indivíduos litigantes e, principalmente, em situações de dissenso entre certezas fulcrais. Dessa maneira, propomos, neste trabalho, entender as certezas fulcrais como passíveis de revisão. Para tanto, utilizaremos dois métodos para discutir o problema: i) o método socrático de Robert Brandom (1994, 2000) e ii) o modelo de três camadas de Catarina Novaes (2020). O primeiro é um mecanismo racional que, a partir do vocabulário lógico, nos possibilita dar e receber razões. Ele gera afirmações explícitas em forma de regras dos compromissos, tornando possível, a partir delas, corrigir relações inferenciais discordantes. Já o segundo método, o do modelo de três camadas, é baseado em uma argumentação mais realista, com influência na teoria de trocas epistêmicas.
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ALECIO DE ANDRADE SILVA
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Theatrum mundi: uma ontologia do cotidiano
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Orientador : SANDRO MARCIO MOURA DE SENA
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MEMBROS DA BANCA :
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THIAGO ANDRE MOURA DE AQUINO
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DIOGO VILLAS BOAS AGUIAR
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GILFRANCO LUCENA DOS SANTOS
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Data: 29/04/2024
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Nessa dissertação analisamos a tese da teatralidade do mundo na obra do filósofo brasileiro Evaldo Coutinho. A partir de suas obras O Espaço da Arquitetura (1970) e A Artisticidade do Ser (1987) defendemos uma concepção ontológica de Teatro por meio da qual o mundo é um palco onde a peça da vida se apresenta. Quais são as consequências dessa concepção? O cotidiano ganha importância filosófica porque todas as ações humanas são descritas por meio de um sistema filosófico único. Trata-se do solipsismo inclusivo que tem o eu criador como substância fundamental para existenciar ou criar o mundo fisionômico. Desse modo, a própria realidade é artística e a morte assume uma dimensão universal porque é a passagem do Ser para o Não-ser. A segunda consequência, que decorre da primeira, é que a peça da vida expressa um caráter trágico da existência. O eu criador sabe de sua condição, do desfecho da peça e de suas implicações ontológicas, mesmo assim ele está condenado por sua própria natureza a seguir o roteiro. Ao defendermos essa concepção ontológica da tese da teatralidade, trouxemos para o debate filosófico uma parte central e ainda pouco estudada da obra de Evaldo Coutinho que diz respeito à relação entre ontologia e estética. Desse modo, nos foi possível apresentar um pensamento original que contempla as experiências cotidianas sem perder o rigor de sistema filosófico.
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Nessa dissertação analisamos a tese da teatralidade do mundo na obra do filósofo brasileiro Evaldo Coutinho. A partir de suas obras A Visão Existenciadora (1978) e O Convívio Alegórico (1979) defendemos uma concepção ontológica de Teatro por meio da qual o mundo é um palco onde a peça da vida acontece. Quais são as consequências dessa concepção? O cotidiano ganha importância filosófica porque todas as ações humanas são descritas por meio de um sistema filosófico único. Trata-se do solipsismo inclusivo que tem o eu criador como substância fundamental para existenciar ou criar o mundo fisionômico. Desse modo, a própria realidade é artística e a morte assume uma dimensão universal porque é a passagem do Ser para o Não-ser. A segunda consequência, que decorre da primeira, é que a peça da vida expressa um caráter trágico da existência. O eu criador sabe de sua condição, do desfecho da peça e de suas implicações ontológicas, mesmo assim ele está condenado por sua própria natureza a seguir o roteiro. Ao defendermos essa concepção ontológica da tese da teatralidade, trouxemos para o debate filosófico uma parte central e ainda pouco estudada da obra de Evaldo Coutinho que diz respeito à relação entre ontologia e estética. Desse modo, nos foi possível apresentar um pensamento original que contempla as experiências cotidianas sem perder o rigor de sistema filosófico.
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LUCAS DANTAS GUEIROS
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FELICIDADE E MORALIDADE EM TOMÁS DE AQUINO: UMA LEITURA A PARTIR DO TOMISMO NEOESCOLÁSTICO.
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Orientador : MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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MEMBROS DA BANCA :
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MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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RODRIGO JOSE DE LIMA
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RODRIGO JUNGMANN DE CASTRO
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Data: 08/07/2024
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Na Suma Teológica de Santo Tomás, o tratamento da ética é iniciado por um tratado a respeito da felicidade, isto é, sobre o fim último do homem. Essa estrutura foi repetida muitas vezes dentro da escola tomista. Entretanto, nem sempre é explícita a relação entre a felicidade e o tema principal da ética, que é a moralidade. Enquanto alguns autores, como Tiago Sinibaldi, afirmam que as boas ações humanas conduzem à felicidade por serem boas, outros, como o cardeal Zeferino González e o Pe. Joseph Gredt, julgam que as ações humanas são boas porque conduzem o homem ao seu fim último. Para determinar a solução desse problema, investigaremos o pensamento de Santo Tomás de Aquino a respeito do fundamento da moralidade. Esse fundamento é a característica intrínseca ao ato humano que o torna bom ou mal antes mesmo da lei moral ordená-lo ou proibi-lo. Defendemos que o fim último do homem é o fundamento objetivo da moralidade. Nessa defesa, consideramos o fim último formalmente, isto é, em razão mesmo de ser fim último, independente do que seja esse fim. Esperamos que nossa tese possa esclarecer a relação entre felicidade e moralidade dentro do pensamento tomista e aprofundar nosso entendimento das argumentações morais presentes nessa tradição.
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Na Suma Teológica de Santo Tomás, o tratamento da ética é iniciado por um tratado a respeito da felicidade, isto é, sobre o fim último do homem. Essa estrutura foi repetida muitas vezes dentro da escola tomista. Entretanto, nem sempre é explícita a relação entre a felicidade e o tema principal da ética, que é a moralidade. Enquanto alguns autores, como Tiago Sinibaldi, afirmam que as boas ações humanas conduzem à felicidade por serem boas, outros, como o cardeal Zeferino González e o Pe. Joseph Gredt, julgam que as ações humanas são boas porque conduzem o homem ao seu fim último. Para determinar a solução desse problema, investigaremos o pensamento de Santo Tomás de Aquino a respeito do fundamento da moralidade. Esse fundamento é a característica intrínseca ao ato humano que o torna bom ou mal antes mesmo da lei moral ordená-lo ou proibi-lo. Defendemos que o fim último do homem é o fundamento objetivo da moralidade. Nessa defesa, consideramos o fim último formalmente, isto é, em razão mesmo de ser fim último, independente do que seja esse fim. Esperamos que nossa tese possa esclarecer a relação entre felicidade e moralidade dentro do pensamento tomista e aprofundar nosso entendimento das argumentações morais presentes nessa tradição.
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PEDRO HENRIQUE ALVES CAVALCANTI PENNYCOOK
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Vida, singularidade e agência corporificada em Hegel
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Orientador : FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
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MEMBROS DA BANCA :
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FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
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MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
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FEDERICO SANGUINETTI
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Data: 19/07/2024
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Argumento que o modelo hegeliano de agência seja constitutivamente corporificado. Para isso, desafio interpretações justificacionistas e intencionalistas, como as encontradas em Brandom, Pinkard e Pippin, segundo as quais ações livres seriam definidas exclusivamente pela capacidade para oferecer razões (reasons) para agir de uma determinada maneira. Interpretações dessa ordem se amparam numa excepcionalidade normativa do espírito em oposição à natureza. Ao contrário desses autores, proponho que Hegel pense a maneira como atuamos livremente em continuidade ao modo como animais não-humanos agem em seus ambientes. Para isso, recupero sua teoria dos organismos, tal como formulada na Filosofia da Natureza. Sugiro que Hegel escreva sobre organismos animais em geral, humanos e não-humanos, como normativamente constituídos. Modo de escrita esse que, inspirado na virada pragmatista nos estudos hegelianos, promovida sobretudo por aqueles comentadores, chamarei de pragmatista. Da forma como a defenderei, tal normatividade se atualiza na maneira corporificada como organismos animais em geral são teleologicamente orientados. Ao invés de uma excepcionalidade normativa, proponho que organismos humanos sejam melhor especificados, em Hegel, pela maneira singular como atuam normas universais. Segue-se dessa interpretação que formas de vida sejam concebidas enquanto livres ao viabilizarem normas sociais nas quais a atuação singular de seus agentes seja constitutiva daquelas normas. Se o modelo hegeliano de agência seria constitutivamente corporificado, e a especificidade humana se dá pela significação singular na maneira como atuam normativamente, argumento ao fim que singularidade seja melhor concebida como algo que fazemos corporificadamente.
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I argue that the Hegelian model of agency is constitutively embodied. To this end, I challenge justificationist and intentionalist interpretations, such as those found in Brandom, Pinkard and Pippin, according to which free actions are defined exclusively by the capacity to offer reasons for acting in a certain way. Such interpretations are based on a normative exceptionality of spirit as opposed to nature. Unlike these authors, I propose that Hegel thinks of the way we act freely in continuity with the way non-human animals act in their environments. To do this, I recover his theory of organisms, as formulated in the Philosophy of Nature. I suggest that Hegel writes about animal organisms in general, human and non-human, as normatively constituted. A way of writing that, inspired by the pragmatist turn in Hegelian studies, promoted above all by those commentators, I will call pragmatist. As I will defend it, such normativity is actualised in the embodied way in which animal organisms in general are teleologically oriented. Rather than a normative exceptionality, I propose that human organisms are better specified, in Hegel, by the singular way in which they act out universal norms. It follows from this interpretation that life forms are conceived as free by making possible social norms in which the singular actions of their agents are constitutive of those norms. If the Hegelian model of agency is constitutively embodied, and human specificity is given by the singular significance of the way in which they act normatively, then I argue that singularity is best conceived as something we do embodiedly.
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PANDORA SALAZAR ALMEIDA DA SILVA
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Gênero e transgressão de gênero no sentido da neutralidade existencial do ser-aí
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Orientador : SANDRO MARCIO MOURA DE SENA
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MEMBROS DA BANCA :
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ERICO ANDRADE MARQUES DE OLIVEIRA
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MARIANA FIDELIS JERONIMO DE OLIVEIRA
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SANDRO MARCIO MOURA DE SENA
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Data: 14/08/2024
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O gênero tem sido um problema que de maior repercussão, a partir do século XX. A conhecida afirmação: "Não se nasce mulher, torna-se mulher", de Simone de Beauvoir (1960), tem fornecido fôlego para uma sequência de questionamentos a respeito da natureza do fenômeno do gênero e compreensão da condição feminina. Judith Butler (2003), descrevendo o gênero a partir da perspectiva da Performance, afirma a unicidade da vivência do gênero e sua irredutibilidade a uma identidade fixa, tanto feminina quanto cisgênera. Este texto tem por base uma interpretação fenomenológica a respeito do gênero, descrita por Rodrigo Rizério em "Gênero e Sexualidade à luz da ontologia do Dasein". Utilizamos a Neutralidade existencial do Dasein para pensar o gênero enquanto disseminação dos modos de ser. Trazemos uma interpretação fenomenológica sobre a Transição de gênero, que destoa das concepções popularizadas a respeito da concepção de tempo linear, do biologicismo quanto por concepções edípicas, onde o binarismo de gênero se insinua categoricamente. Para além desse essencialismo e demarcando o pensamento pós-metafísico, cabe pensar os problemas relacionados à vivência do gênero desde o conceito central de Ser-no-mundo (In-der-Welt-sein) e seus momentos característicos, onde a transição de gênero se evidencie enquanto transgressão do impessoal cisgênero.
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Essa dissertação se propõe a pensar questões de gênero com enfoque na Transgeneridade, a partir do pensamento Heideggeriano. Os pontos trabalhados nessa dissertação se sustentam a partir de Ser e Tempo e Os fundamentos metafísicos da lógica a partir de Leibniz e de diálogos com pensadoras contemporâneas sobre questões de gêneros dissidentes.
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ÊNIO ROBERTO BEZERRA SOARES
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LOGOS E MYTHOS: O paralelismo entre Sócrates e Er na República de Platão
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Orientador : MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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MEMBROS DA BANCA :
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ANASTACIO BORGES DE ARAUJO JUNIOR
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MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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RICHARD ROMEIRO OLIVEIRA
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Data: 16/08/2024
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Resumo: O mito é uma ferramenta de memória social, de conservação e transmissão dos traços de uma coletividade. Esse tipo de discurso se revela nuclear na estrutura dos diálogos de Platão. A narrativa mítica platônica atua em sinergia com o logos, auxiliando-o. Analisando esse trabalho cooperativo entre logos e mito na filosofia de Platão, defendemos um paralelo entre dois personagens da República: Sócrates, principal personagem e expositor do pensamento platônico no diálogo, representante do discurso filosófico, do logos; e Er, personagem do relato que encerra a obra, representante do mito filosófico, discurso narrativo verossímil fundado em imagens e representações. Esse paralelismo é fundado em três conexões textuais. A primeira, em função da linha de significado da descida e subida percorrida pelos personagens. Essa linha representa o próprio movimento ou modo de proceder do filósofo. A segunda, da eleição de Sócrates e Er como novos mensageiros do discurso verdadeiro. A terceira, do retrato feito por Platão dos dois personagens como auxiliadores da comunidade. Demonstraremos que essas conexões são verdadeiras, concluindo-se pelo espelhamento entre Sócrates e Er. Esse paralelismo permite uma interpretação unitária do diálogo A República que se contrapõe às visões que consideram os Livros I e X como independentes e em separado. Ele também possibilita retirar a conotação negativa de discurso pré-filosófico adquirida pelo mito platônico. Em grande parte, isso se deve à perspectiva historiográfica-filosófica atribuída a Hegel, que defende que o mito favorece a representação em vez do pensamento especulativo. Assim, o mito foi remetido a uma categoria epistemológica inferior e privado de qualquer racionalidade. Defendemos que isso não pode ser aceito em Platão, que não desejou a extinção do discurso mítico, mas sua reformulação.
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Resumo: O mito é uma ferramenta de memória social, de conservação e transmissão dos traços de uma coletividade. Esse tipo de discurso se revela nuclear na estrutura dos diálogos de Platão. A narrativa mítica platônica atua em sinergia com o logos, auxiliando-o. Analisando esse trabalho cooperativo entre logos e mito na filosofia de Platão, defendemos um paralelo entre dois personagens da República: Sócrates, principal personagem e expositor do pensamento platônico no diálogo, representante do discurso filosófico, do logos; e Er, personagem do relato que encerra a obra, representante do mito filosófico, discurso narrativo verossímil fundado em imagens e representações. Esse paralelismo é fundado em três conexões textuais. A primeira, em função da linha de significado da descida e subida percorrida pelos personagens. Essa linha representa o próprio movimento ou modo de proceder do filósofo. A segunda, da eleição de Sócrates e Er como novos mensageiros do discurso verdadeiro. A terceira, do retrato feito por Platão dos dois personagens como auxiliadores da comunidade. Demonstraremos que essas conexões são verdadeiras, concluindo-se pelo espelhamento entre Sócrates e Er. Esse paralelismo permite uma interpretação unitária do diálogo A República que se contrapõe às visões que consideram os Livros I e X como independentes e em separado. Ele também possibilita retirar a conotação negativa de discurso pré-filosófico adquirida pelo mito platônico. Em grande parte, isso se deve à perspectiva historiográfica-filosófica atribuída a Hegel, que defende que o mito favorece a representação em vez do pensamento especulativo. Assim, o mito foi remetido a uma categoria epistemológica inferior e privado de qualquer racionalidade. Defendemos que isso não pode ser aceito em Platão, que não desejou a extinção do discurso mítico, mas sua reformulação.
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PHABLO JOSÉ DE LIMA PIMENTEL
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O SER COMO DYNAMIS NO SOFISTA DE PLATÃO: suas relações e paradoxos
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Orientador : MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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MEMBROS DA BANCA :
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ANASTACIO BORGES DE ARAUJO JUNIOR
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MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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RICHARD ROMEIRO OLIVEIRA
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Data: 20/08/2024
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Nos diálogos platônicos está permanentemente inserida as temáticas da ontologia e da epistemologia, no qual o filósofo se debruçará em torno do ser (tò ón) e do saber, como eixo do seu corpus literário. No Sofista, Platão visa apresentar uma revisão crítica de sua Teoria das Formas, herdada da tradição grega, sobretudo de Parmênides, refletindo, com isso, auto criticamente sobre suas obras predecessoras. Essa reelaboração da concepção sobre o ser, contraria fundamentalmente com a noção de ser como uma unidade e imutabilidade proposta por Parmênides, e, concebe, então, a noção de ser como dynamis, na qual é pensada num caráter de potencialidade. Dessa forma, o problema que se propõe é o seguinte: como é possível uma condição ontológica composta por Ideias gerais ou “grandes gêneros”, que são contrários e distintos, assentados numa estrutura de solidez conceitual, possam se constituir como princípio fundante da realidade? Em vista disso, com base no plano argumentativo do diálogo, defendemos que a solução desse problema é indicada a partir da concepção de três Ideias gerais, que são: “Ser”, “Repouso” e “Movimento”. A Ideia do ser também possui relações de participação com o “Movimento” e o “Repouso”, na medida em que dessa relação, ambos também são, e, resultando com isso, em outras duas Ideias gerais, que são: o “Mesmo” e o “Outro”, constituindo então, nos grandes gêneros. Sendo que, o “Mesmo”, assume uma condição de identidade, enquanto o “Outro”, entendido como o não-ser (mè ón), não significa algo negativo ao que existe, e sim, como diverso, assumindo uma condição de alteridade, tornando o discurso e o conhecimento inteligíveis. O contexto do Sofista condensa a súmula dessas objeções numa estrutura aporética, na qual introduz às soluções para os problemas apresentados pelo filósofo. No entanto, a concepção do ser como dynamis no Sofista é concebida numa estrutura da realidade constituída por gêneros contrários, implicando assim, numa relação paradoxal.
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Nos diálogos platônicos, estão permanentemente inseridas as temáticas da ontologia e da epistemologia e é a partir delas que o filósofo se debruçará em torno do ser (tò ón) e do saber como eixos do seu corpus literário. No Sofista, Platão visa apresentar uma revisão crítica de sua Teoria das Formas, herdada da tradição grega, sobretudo de Parmênides, refletindo, com isso, autocriticamente sobre suas obras predecessoras. Essa reelaboração da concepção de ser põe em xeque de forma fundamental a noção de ser como uma unidade e imutabilidade proposta por Parmênides, determinando o ser como dynamis ou como um princípio que possui caráter de potencialidade. Dessa forma, o problema que se propõe é o seguinte: como é possível uma condição ontológica composta por Ideias gerais ou “grandes gêneros”, que são contrários e distintos uns dos outros, assentados numa estrutura de solidez conceitual, constituir-se como princípio fundante da realidade? Em vista disso, com base no plano argumentativo do diálogo, defendemos que a solução desse problema é indicada a partir da identificação de três Ideias gerais, que são “Ser”, “Repouso” e “Movimento”. A Ideia do “Ser” possui relações de participação com o “Movimento” e o “Repouso”, na medida em que é partir dessa relação que ambos, “Movimento” e “Repouso”, são ou existem, o que resultará em outras duas Ideias gerais, a saber: a Ideia do “Mesmo” e a Ideia do “Outro”. De acordo com a argumentação proposta pelo Sofista, o “Outro”, entendido como o não-ser, não significa algo contrário ao que existe, mas sim a “diferença”, assumindo um caráter de alteridade, o que torna o discurso e o conhecimento inteligíveis. O contexto do Sofista condensa a súmula dessas objeções numa estrutura aporética, na qual introduz as soluções para os problemas apresentados pelo filósofo. No entanto, a concepção do ser como dynamis no Sofista é concebida numa estrutura da realidade constituída por gêneros contrários, implicando, assim, numa relação paradoxal.
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MARIA CLARA CAETANO TAVARES MONTEIRO
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A COMPLEMENTARIEDADE ENTRE O MASCULINO E O FEMININO NA ANTROPOLOGIA DE EDITH STEIN
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Orientador : MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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MEMBROS DA BANCA :
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GILFRANCO LUCENA DOS SANTOS
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MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
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MARLESSON CASTELO BRANCO DO REGO
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RODRIGO JUNGMANN DE CASTRO
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URSULA ANNE MATTHIAS
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Data: 26/08/2024
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O presente artigo visa esclarecer a concepção da filósofa contemporânea Edith Stein (1891-1942) a respeito das diferenças entre os sexos masculino e feminino, enfatizando a importância da complementaridade entre eles através de suas diferenças. Nesse sentido, nós nos dedicamos a estudar principalmente a obra “A mulher” da autora na qual estão reunidas todas as suas conferências sobre este tema, além dos diversos pesquisadores que se debruçam atualmente sobre esse assunto. Edith Stein tem uma visão única sobre o tema do masculino e do feminino e se baseia nas leis da natureza humana, ao observar os comportamentos de ambos os sexos por meio do método da fenomenologia. Desse modo, nós acreditamos que seu ponto de vista tem muito a acrescentar para a solução dos problemas que circundam os sexos na sociedade, contribuindo para melhorar a atmosfera social de relacionamento entre ambos.
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This article aims to clarify the conception of contemporary philosopher Edith Stein (1891-1942) regarding the differences between the male and female sexes, emphasizing the importance of complementarity between them through their differences. In this sense, we dedicate ourselves mainly to studying the author's work “A Mulher” in which all her conferences on this topic are gathered, in addition to the various researchers who are currently focusing on this subject. Edith Stein has a unique view on the topic of masculine and feminine that is based on the laws of human nature, observing the behaviors of both sexes through the method of phenomenology. Therefore, we believe that your point of view can contribute to the solution of problems that surround the sexes in the society, improving the social atmosphere of relationships between them.
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THIAGO AZEVEDO
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Quando dizer (não) é fazer: os performativos infelizes dos atos de fala.
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Orientador : ROGERIO FABIANNE SAUCEDO CORREA
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MEMBROS DA BANCA :
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JULIANO SANTOS DO CARMO
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MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
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ROGERIO FABIANNE SAUCEDO CORREA
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Data: 30/08/2024
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A noção de (in)felicidade é central para a análise da intencionalidade dos atos de fala performativos. A análise mostra a ruptura que se dá entre o dizer e o fazer. Assim, a ação advinda do ato de fala no mundo (re)vela a verdadeira intenção do falante. Nesse sentido, se pensamento e intenção desembocam nas ações que permeiam o mundo, então as ações fornecem material para o estudo das (in)felicidades performativas dos atos de fala. Pensamentos e intenções desembocam em ações no mundo. Logo, esse material serve de análise para as (in)felicidades performativas. (In)felicidade implica diretamente em sucesso ou insucesso, em eficácia ou ineficácia de um ato de fala performativo. Sendo assim, o significado dos enunciados assume um viés pragmático, pois prioriza os processos linguísticos e os elementos constitutivos da linguagem que se dão na concretude do dito, na linguagem ordinária. A linguagem compõe a realidade do mundo performando o dito. Desse modo, pode-se denunciar a falácia descritiva, ou seja, fenômenos linguísticos que parecem ser descrições, mas, que na verdade, são ações que ocorrem concomitantemente com o dizer. Tais fenômenos são expressões performáticas. Estas podem ser “felizes” ou “infelizes”. Uma expressão performática é feliz quando acarreta sucesso, eficácia comunicativa e está em conexão com diversos elementos linguísticos convencionais e intencionais inerentes ao contexto de fala. Uma expressão performática é infeliz quando acarreta insucesso, ineficácia comunicativa, não estando em conexão com os elementos linguísticos, convencionais e intencionais do ambiente de fala. Ela incorre em uma falha entre o dizer e o fazer. Assim, compromete o ato de fala. Por isso, uma teoria que analise o lugar da (in)felicidade nos atos de fala contribui para a análise da intencionalidade materializada no dito por meio do ato de fala total: da intenção à ação. Portanto, explicar o lugar da (in)felicidade nos atos de fala performativos é central para a compreensão dos (in)sucessos e da (in)eficácia comunicativa dos processos da linguagem.
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O conceito de equívoco é central para a análise da intencionalidade dos atos de fala. Trata-se de uma ruptura que se dá entre o dizer e o fazer quando a ação advinda do ato de fala no mundo revela a verdadeira intenção do falante. Se pensamento e intenção desembocam em ações, então as ações fornecem material de análise para o estudo do equívoco. Nesse sentido, o significado tem um viés pragmático, pois prioriza os processos linguísticos e os elementos constitutivos da linguagem que se dão na concretude da fala. Logo, a linguagem compõe a realidade do mundo. Desse modo, pode-se denunciar a falácia descritiva, ou seja, fenômenos linguísticos que parecem ser descrições, mas são ações no mundo concomitantemente com o dito. Estes fenômenos são as expressões performáticas “felizes” ou “infelizes”. Uma expressão performática é feliz, quando está em conexão com diversos elementos convencionais e intencionais inerentes ao contexto de fala. Uma expressão performática é infeliz, quando incorre em equívoco. Por isso, uma teoria do equívoco revela o lugar da infelicidade nos atos de fala. Portanto, explicar o lugar da infelicidade nos atos performativos é central para a noção de equívoco.
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HERIBALDO LOPES MAIA NETO
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Sofrimento de indeterminação: A teoria crítica entre os limites e potencialidades emancipatórias no diagnóstico de Axel Honneth
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Orientador : FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
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MEMBROS DA BANCA :
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FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
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MARIANA PIMENTEL FISCHER PACHECO
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MIRIAM MESQUITA SAMPAIO DE MADUREIRA
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Data: 04/09/2024
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Desde a publicação de "Luta por Reconhecimento" por Axel Honneth em 1992, abriu-se um vasto campo de debates, que se estendem por questões intelectuais e prático-políticas. Esses debates foram impulsionados pelo contexto histórico de diversos conflitos sociais, que levaram Honneth e outros teóricos da tradição crítica a reavaliar o diagnóstico social, especialmente em termos das dinâmicas de dominação e as possibilidades emancipatórias que emergem dessas lutas. Partindo do legado da teoria crítica, Honneth procurou identificar as inconsistências teórico-normativas dessas dinâmicas sociais e as lacunas emancipatórias que poderiam ser exploradas. Ele seguiu, a seu modo, a exigência emancipatória formulada por Max Horkheimer em "Teoria Tradicional e Teoria Crítica", ao buscar uma reinterpretação do conceito hegeliano de reconhecimento dentro de uma concepção intersubjetiva do conflito social. Honneth, ao destacar os déficits de reconhecimento, estabeleceu uma gramática filosófica para analisar a motivação dos sujeitos que lutam por vínculos sociais mais justos e livres. Ele elaborou um método ex negativo de diagnóstico social, fundamentado na constatação de promessas normativas não cumpridas – como o reconhecimento e a liberdade – que, devido a bloqueios patológicos, não foram realizadas. A partir dessas lacunas, Honneth buscou reconstruir os potenciais de liberdade e reconhecimento, caracterizando o sofrimento social como um sofrimento de indeterminação. Judith Butler, por outro lado, critica Honneth por não aprofundar sua análise nas normas subjacentes que estruturam as relações de reconhecimento e liberdade. Para Butler, o diagnóstico de Honneth se limita a um revisionismo das normas, sem questionar suficientemente suas bases normativas, o que resulta em um sofrimento que ela caracteriza como um sofrimento de determinação. A partir desse confronto teórico, este trabalho buscará explorar o potencial crítico do conceito de sofrimento de indeterminação, ampliando-o além dos limites apontados por Butler. Para isso, será tomada a depressão como exemplo de um sintoma psicopatológico do sofrimento social, revelando que as normas sociais contemporâneas, apesar de sua violência opressiva, paradoxalmente geram uma experiência prática de indeterminação. Essa abordagem permitirá discutir como a sociedade neoliberal transforma a dominação em uma forma de indeterminação, fazendo com que os sujeitos, embora aparentemente livres de determinações, continuem a sofrer sob condições de opressão. A depressão, nesse sentido, emerge como o reflexo psicopatológico desse processo. Para cumprir essa tarefa, o trabalho abordará três pontos principais: (I) expor o desenvolvimento histórico e teórico da teoria crítica, com foco em seu imperativo teórico-político de emancipação; (II) examinar as formulações de Axel Honneth e seu método ex negativo, especialmente o conceito de sofrimento de indeterminação, confrontando-o com as críticas fundamentais de Judith Butler, que propõe uma abordagem mais radical, centrada no sofrimento de determinação; e (III) analisar a experiência depressiva como um exemplo paradigmático de sofrimento por indeterminação, apontando como, em sociedades neoliberais, as relações de dominação são traduzidas em formas de indeterminação, mascarando a violência normativa subjacente. Assim, este trabalho visa contribuir para uma crítica mais profunda das condições sociais que geram sofrimento psíquico, oferecendo novas perspectivas sobre as possibilidades de emancipação em contextos de opressão difusa.
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Sem obrigatoriedade do resumo, pois é banca de qualificação.
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FLAVIO AIRES CAMARA
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O amor em Theodor Adorno: dos limites do seu conceito à sua concretude corpórea
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Orientador : FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
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MEMBROS DA BANCA :
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FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
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MARIANA FIDELIS JERONIMO DE OLIVEIRA
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RAQUEL PATRIOTA DA SILVA
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THIAGO ANDRE MOURA DE AQUINO
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Data: 23/09/2024
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Reconhecido como um filósofo nebuloso, Adorno fez uma crítica à razão esclarecida que a teria tornado inválida, incapaz de formular qualquer determinação. A razão esclarecida quis extinguir da humanidade o sentimento do medo, mas ocorreu um efeito colateral, ou seja, houve o alastramento dele por todas as intimidades da cultura. O esclarecimento pretendendo controlar a natureza através do método repetitivo, significou a reposição do medo de perder sua capacidade de produzir leis sobre os impulsos daquela. Com efeito, Adorno tinha aplicado um golpe letal no esclarecimento, deixando o conhecimento incapaz de fazer previsões e, por conseguinte, a humanidade perderia sua maioridade, dirá seus adversários. Pelo contrário, Adorno em toda sua obra esforçou-se em esboçar um outro modelo de racionalidade, aberta a experiência e introduzindo o mundo sensível nas suas abordagens. Ele elabora de modo mais enfático sua estrutura apoiado na negatividade da dialética, na qual o sujeito diante do objeto não coloca mais neste suas categorias como bem entende. O objeto não recebe nenhum fixador da subjetividade, uma vez que possui uma mobilidade histórica que contesta o sujeito, daí resta-lhe reexaminar a intervenção do conceito no objeto. Se a razão esclarecida tem como respaldo o medo, qual, então, é o afeto que nutre esta relação não repressiva? Na arte autêntica, segundo Adorno, quando o espectador se aproxima dela não forja uma leitura fixa, mas é convidado a interpretar numa remontagem singular e aberta a outras decodificações. Aqui está um modelo de racionalidade não violenta, estimulada pela atração da afeição do amor. Um encontro entre quem ama e quem é amado, sem que este ou aquele queiram suplantar-se mutuamente. Outro elemento abordado nesta investigação, será: qual a qualidade do amor nesta relação? Garantido sob a reciprocidade de corpos concretos, amar trata-se de um movimento sinuoso, no qual o amor ora avança, ora regride e nem sempre gratifica o desejo do outro. Enfim, o amor é entendido, nesta pesquisa, enquanto um sentimento dinâmico e que possui várias combinações remontadas, nas quais podem sugerir um afeto nem sempre agradável.
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Depois de elaborar uma crítica à razão esclarecida, esboçada na Dialética do Esclarecimento (DE), Theodor W. Adorno teria invalidado, segundo seus adversários, qualquer formulação efetuada por ela, consolidando, por conseguinte, uma reputação de pessimista. Quando o esclarecimento assumiu o lugar do mito, ele ampliou o medo na modernidade, período que prometeu extinguir este sentimento. Na DE, aliás, é apontada a predominância dele na intimidade do esclarecimento, cuja operação dominadora tem no medo seu estímulo. Por outro lado, quem quis localizar Adorno numa crítica niilista, deixou de acompanhar suas tentativas de reconsiderar a razão a partir dos potenciais ainda latentes nela. Não obstante, Adorno propõe um tipo de racionalidade ainda tributária da lógica hegeliana, uma tradição apegada à filosofia da consciência, sem situar qual o afeto predomina no seu modelo, assim como fica indicado o medo na DE. Jean-Marie Gagnebin afirma, por exemplo, que na Teoria Estética há uma racionalidade bem mais amistosa, sem a repressão do sujeito sobre o objeto, ao qual o encontro recíproco acontece numa atração semelhante entre amante e amado. A pesquisa, portanto, posiciona o afeto do amor, que desde sua tese sobre Kierkegaard até os estudos mais maduros, esta inclinação afetiva está acomodada na razão adorniana de modo abrangente. Outrossim, a investigação qualifica o conteúdo do amor, marcado pela busca de satisfação nem sempre atendida, ou seja, no empenho por gratificação o amor é atiçado pelo medo de não ser satisfeito pelo objeto selecionado: enfim, agir livremente sob a influência de impulsos simultaneamente presentes.
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JERLIETE MARIA DO NASCIMENTO
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DISPOSITIVO DA SEXUALIDADE E BIOCAPITALISMO NA CONSTITUIÇÃO DE SUBJETIVIDADES
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Orientador : SANDRO COZZA SAYAO
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MEMBROS DA BANCA :
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EDUARDO NASSER
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REGIANE LORENZETTI COLLARES
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SANDRO COZZA SAYAO
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Data: 21/11/2024
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A noção de dispositivo da sexualidade aparece para Michel Foucault como ferramenta para se referir a todas as técnicas que se voltam para capturar, analisar e direcionar os discursos e práticas sobre a sexualidade e por meio deles forjar novas subjetividades. Nesse sentido, a sexualidade é tomada como meio de acesso ao que pode significar a verdade dos sujeitos. Uma vez que essa verdade é ressaltada, torna-se possível elaborar tecnologias capazes de conduzir as individualidades sob padrões normativos. Sendo assim, além das considerações foucaultianas, assume-se aqui, em outra perspectiva, as injunções teóricas do filósofo espanhol Paul Preciado acerca do biocapitalismo, tematizando-se os avanços tecnológicos e farmacêuticos realizados no mundo atual. A intenção de Preciado é, tal como Foucault, circundar as forças que incidem sobre a nossa sexualidade de forma a conduzir e produzir subjetividades assujeitadas. O ponto principal deste trabalho de mestrado é então traçar uma leitura crítica dos artifícios contemporâneos do dispositivo da sexualidade em relação aos modos de subjetivação.
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A noção de dispositivo da sexualidade aparece para Michel Foucault como ferramenta para se referir a todas as técnicas que se voltam para capturar, analisar e direcionar os discursos sobre a sexualidade e por meio deles forjar novas subjetividades. Para esse pensador, a sexualidade é tomada como meio de acesso ao que pode significar a verdade dos sujeitos. Uma vez que essa verdade é revelada, torna-se possível elaborar formas de conduzir as individualidades segundo padrões normativos. Envolvidos na tarefa de fazer vir à tona isso que se esconde, as Scientias sexualis passam a analisar e convocar discursos sexuais. Realizando uma espécie de descolamento deste mesmo dispositivo, Paul Preciado o pensa a partir dos avanços tecnológicos e farmacêuticos realizados na contemporaneidade. A intenção de Preciado é, tal qual Foucault, compreender quais são as forças que incidem sobre a nossa sexualidade de forma a conduzir e produzir subjetividades. Com esse filósofo, não apenas as ciências sexuais seriam as responsáveis pela subjetivação dos sujeitos. Acrescenta também a indústria pornográfica e farmacêutica, tomadas como pilares contemporâneos da produção de individualidades. O que está em jogo, segundo Preciado, é a manutenção de um sistema que tem o corpo como força motriz. O ponto principal deste trabalho foi constatar como o dispositivo doa à sexualidade um caráter artificial, uma vez que é produto de um poder/saber. Para tanto, analisou-se como se deu, em ambos os pensadores, a compreensão dos processos produtivos de individualidade. Sobretudo os desdobramentos que ocorreram em torno do dispositivo da sexualidade e sua atualização para o que Preciado denomina de Biocapitalismo. Esse conceito se refere às práticas que capitalizam a vida em todas as suas esferas, físicas e biológicas. O objetivo aqui foi desvendar o caráter artificial da sexualidade/subjetividade, portanto, sua não naturalidade. Assim podemos pleitear formas outras de vivências de si, fora da cartografia posta. Uma vez que essa artificialidade é constatada, é possível abrir brechas nas malhas que contornam a nossa forma de ser e solidificar o que Preciado denomina Contrassexualidade. O trabalho realizado pelos dois pensadores ilumina o processo histórico de captura e produção de desejo, e com ele a retirada da possibilidade de uma livre experimentação de si.
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