QUANDO A MORTE NÃO É EXCEÇÃO: Biopolítica, soberania, intersecções e divergências entre Mbembe e Agamben
Agamben, Mbembe, biopolítca, estado de exceção, necropolítica.
Esta pesquisa analisa duas perspectivas contemporâneas acerca da Soberania, a partir dos estudos apresentados por Giorgio Agamben e Achille Mbembe. Para além de construir uma nova definição acerca do termo em si, ambos embasados na perspectiva da biopolítica foucaultiana, estes dois pensadores buscam analisar o exercício do poder soberano para, a partir disso, ofertar novas proposições epistemológicas. Embora possuam certas semelhanças, principalmente em seus embasamentos teóricos, há uma diferença entre perspectivas metodológicas que conduzem cada um a proposições diversas. Agamben, também utilizando-se das ideias de Carl Schmitt acerca do Estado de Exceção, parte de uma análise epistemológica que o conduz aos conceitos de Zoé e Bios, na qual a primeira tomará o caráter de centralidade, ou ainda, sempre esteve como eixo fundante das democracias ocidentais. Já Mbembe, embora também embasando-se na biopolítica foucaultiana, e até mesmo utilizando-se de Agamben em seu arcabouço teórico, propõe uma descentralização da discussão da soberania. Partindo da experiência colonial das Américas e das Áfricas, o filósofo camaronês trata a soberania não mais como um gerir da vida – principalmente a vida biológica, como propôs Foucault – mas a partir da morte em primeiro plano, cunhando assim o termo Necropolítica, conduzindo ao conceito de Necropolítica, bem como o retorno dessa condição colonial às metrópoles. Há, a partir disso, uma reformulação da ética nas relações entre povos, lastreado nas ideias de raça e a criação do que o mesmo chama de devir-negro. Percebe-se, desta forma, o condicionamento de Agamben a uma ratio eurocêntrica, enquanto Mbembe está relacionada a primazia da ética criada a partir das relações coloniais.