Equilíbrio Reflexivo e Revisão da Lógica
Filosofia da Lógica, Epistemologia, Linguagem, Revisão da Lógica
A emergência de lógicas alternativas à lógica clássica motiva a revisão de alguns princípios clássicos do raciocínio. Para as lógicas desviantes não há outra opção, é preciso revogar a validade universal de certos princípios lógicos. Todavia, em que medida é possível revisar racionalmente algo tão fundamental quanto princípios lógicos? Prawitz (1978), Resnik (1997, 2004) e Peregrin e Svoboda (2017) propõem o método de equilíbrio reflexivo para se pensar a justificação e a revisão racional de regras e princípios da lógica. Para estes autores, podemos, em um movimento de ir e vir, entre nossas considerações teóricas, regras e princípios lógicos e nossas inferências locais, revisar qualquer um desses elementos, sempre que necessário, a fim de alcançar uma coerência aceitável entre eles. Neste trabalho, alegamos, no entanto, que o equilíbrio reflexivo, do modo como é caracterizado por estes autores, é inadequado para justificar e revisar regras e princípios lógicos básicos. Argumentamos, com base nas críticas de Pereira (2006) à Prawitz, que o equilíbrio reflexivo recorre a pressupostos problemáticos, como por exemplo, a ideia de ‘revisar sempre que necessário’ e ‘coerência aceitável’. Afinal, o que garante a necessidade da revisão de princípios lógicos? O que assegura a coerência aceitável entre princípios e inferências locais? Como alternativa, endossamos uma abordagem revisionista wittgensteiniana (1969) baseada na noção de ‘conversão’.