Quando dizer (não) é fazer: o conceito de equívoco nos atos de fala
atos de fala; expressões performáticas; falácia descritiva; equívoco.
O conceito de equívoco é central para a análise da intencionalidade dos atos de fala. Trata-se de uma ruptura que se dá entre o dizer e o fazer quando a ação advinda do ato de fala no mundo revela a verdadeira intenção do falante. Se pensamento e intenção desembocam em ações, então as ações fornecem material de análise para o estudo do equívoco. Nesse sentido, o significado tem um viés pragmático, pois prioriza os processos linguísticos e os elementos constitutivos da linguagem que se dão na concretude da fala. Logo, a linguagem compõe a realidade do mundo. Desse modo, pode-se denunciar a falácia descritiva, ou seja, fenômenos linguísticos que parecem ser descrições, mas são ações no mundo concomitantemente com o dito. Estes fenômenos são as expressões performáticas “felizes” ou “infelizes”. Uma expressão performática é feliz, quando está em conexão com diversos elementos convencionais e intencionais inerentes ao contexto de fala. Uma expressão performática é infeliz, quando incorre em equívoco. Por isso, uma teoria do equívoco revela o lugar da infelicidade nos atos de fala. Portanto, explicar o lugar da infelicidade nos atos performativos é central para a noção de equívoco.