O conceito de razão em Theodor W. Adorno: sua liberação pelo afeto do amor
Adorno; amor; liberdade; razão; medo
Depois de elaborar uma crítica à razão esclarecida, esboçada na Dialética do
Esclarecimento (DE), Theodor W. Adorno teria invalidado, segundo seus adversários,
qualquer formulação efetuada por ela, consolidando, por conseguinte, uma reputação de
pessimista. Quando o esclarecimento assumiu o lugar do mito, ele ampliou o medo na
modernidade, período que prometeu extinguir este sentimento. Na DE, aliás, é apontada a
predominância dele na intimidade do esclarecimento, cuja operação dominadora tem no medo
seu estímulo. Por outro lado, quem quis localizar Adorno numa crítica niilista, deixou de
acompanhar suas tentativas de reconsiderar a razão a partir dos potenciais ainda latentes nela.
Não obstante, Adorno propõe um tipo de racionalidade ainda tributária da lógica hegeliana,
uma tradição apegada à filosofia da consciência, sem situar qual o afeto predomina no seu
modelo, assim como fica indicado o medo na DE. Jean-Marie Gagnebin afirma, por exemplo,
que na Teoria Estética há uma racionalidade bem mais amistosa, sem a repressão do sujeito
sobre o objeto, ao qual o encontro recíproco acontece numa atração semelhante entre amante
e amado. A pesquisa, portanto, posiciona o afeto do amor, que desde sua tese sobre
Kierkegaard até os estudos mais maduros, esta inclinação afetiva está acomodada na razão
adorniana de modo abrangente. Outrossim, a investigação qualifica o conteúdo do amor,
marcado pela busca de satisfação nem sempre atendida, ou seja, no empenho por gratificação
o amor é atiçado pelo medo de não ser satisfeito pelo objeto selecionado: enfim, agir
livremente sob a influência de impulsos simultaneamente presentes.