RETRATOS DE UMA NOVA VIDA (!?): análise das experiências de reinserção social de egressos de comunidades terapêuticas
Drogas, Disposições, Socialização, Sociabilidade, Comunidades terapêuticas.
O presente projeto de pesquisa propõe compreender o universo dos atores/egressos tomando como base a reconstituição de suas biografias e os possíveis (re)arranjos de seus patrimônios disposicionais em suas experiências de retorno aos seus antigos contextos de sociabilidades e/ou demais espaços anteriores à internação. A partir de vivências e estudos anteriores no âmbito dessas comunidades terapêuticas (SANTOS, 2006; 2015) verificou-se que as experiências externas dos egressos dessas organizações eram tão fecundas quanto aquelas concebidas em seu interior. As tensões; conflitos; violências; a busca por preservar e/ou negar as identidades e/ou disposições religiosas ativadas no interior dessas comunidades terapêuticas; os desafios da reinserção em diferentes contextos; as possíveis rupturas com antigas redes de sociabilidades bem como a ressignificação e/ou estabelecimento de novas; entre outros; todos esses representam alguns dos vários recortes possíveis dessa investigação e que são, até o presente momento, ainda pouco exploradas pelo campo sociológico. Portanto, é partindo do pressuposto de tomar as comunidades terapêuticas como espaços de socializações que tendem a favorecer atuações singulares de seus participantes; compreendendo os egressos enquanto “atores plurais” portadores de esquemas disposicionais adquiridos e reorganizados de forma singular a partir de cada interação; bem como reconhecendo as pluralidades dos espaços que se inserem no momento de pós-internação [e de seus sujeitos]; que à luz da perspectiva teórico-metodológica de Bernard Lahire (2004) propõe-se desenvolver um estudo – a partir da sociologia à escala individual – que resulte na elaboração do que o autor chama de “retratos sociológicos” dessas experiências, favorecendo assim a nossa percepção acerca dos (re)arranjos disposicionais mediados por processos de reinserção social de egressos dessas CTI´s. Instrumentalizando essa técnica espera-se que o pesquisador, a partir do estabelecimento de sucessivas entrevistas de cunho biográfico, tenha acesso às narrativas dos egressos, permitindo-lhe compreender a relação entre a diversidade das experiências socializadoras dos egressos [não se resumindo apenas àquelas conferidas no âmbito das comunidades terapêuticas, mas a diferentes fases e esferas de seu passado] e suas atuações em contextos de interações muitas vezes distintos e heterogêneos, revelando assim além dos aspectos das tessituras biográficas os possíveis impactos dessas experiências no processo de reinserção social desses sujeitos.