Consumo, infância, cultura de consumo, habitus
Diante da cultura do consumo que caracteriza a sociedade contemporânea e organiza tanto a vida social e individual, independente da idade, as crianças são incentivadas a se concentrar nos bens materiais como meio para alcançar a felicidade pessoal e a autorrealização e são submetidas a padrões de beleza e valores que podem interferir na formação de suas identidades.Tudo isso termina afetando a sua saúde física e emocional e vem gerando um debate sobre o impacto que a cultura do consumo tem no desenvolvimento psíquico social infantil. Apesar de a família ainda ser vista como o principal agente de socialização infantil, ao longo do século passado vimos a sua influência diminuir e a influência de outras instâncias aumentar, como escola, pares e mídia - o que parece ser uma consequência de mudanças importantes, como o aperfeiçoamento das técnicas de marketing, a crescente exposição da criança à mídia e as mudanças na dinâmica familiar. Dessa forma, alguns autores apontam uma forte relação de interdependência entre esses agentes de socialização que podem reforçar ou afrouxar a influência sobre a criança. Diante deste contexto, este projeto pretende explorar a percepção de pais de crianças de como os seus filhos se relacionam com a cultura do consumo, o papel que o consumo exerce no núcleo familiar e como se dá a mediação parental, no intuito de compreender as relações existentes entre a postura familiar e o comportamento dos filhos diante do consumo. Para isso, a investigação tomará por base a teoria de Bourdieu do habitus e formação dos gostos, bem como a visão crítica de Lahire a seu respeito, tendo como pano de fundo a criança consumidora dos dias atuais, bem como a própria cultura do consumo enraizada na sociedade contemporânea. Será realizada uma pesquisa com métodos mistos, quantitativo e qualitativo, para investigar a percepção de pais de crianças de 3 a 12 anos de idade