IMAGINAÇÃO E ATIVIDADE: estudos de caso com educadores sociais de casas de acolhimento da cidade do Recife
casas de acolhimento, educadores sociais, crianças, imaginação, atividade
O acolhimento institucional preconiza a proteção à integridade física e emocional de crianças e adolescentes que estão privados do convívio com as figuras primárias de cuidado e oportuniza a construção de novos vínculos afetivos e vivências positivas. No Brasil, o educador social realiza atividades que envolvem, desde os cuidados básicos, até a temporária substituição parental nas casas de acolhimento. O objetivo do presente estudo foi analisar como se dá a dinâmica entre atividade prescrita, processos imaginativos e atividade real por dois educadores sociais, de codinome Camélia e Lupino, ao trabalharem com crianças e adolescentes em casa de acolhimento na cidade do Recife - Pernambuco. Como instrumentos de investigação foram utilizadas 5 entrevistas semiestruturadas, 4 vídeos de rotinas na casa de acolhimento, e uma caixa para produção artístico-manual intitulada “caixa de surpresas“. Os dados foram analisados à luz do referencial teórico sociocultural desenvolvido por Tania Zittoun e colaboradores, segundo o qual a imaginação é proposta como um processo composto por dimensões (generalidade, temporalidade e im/plausibilidade). Também foram feitas articulações com a teoria da atividade de Yves Clot. Nos resultados observou-se que tanto Camélia quanto Lupino realizaram atividades que transcendem o que havia sido prescrito. Camélia, ao início do trabalho, imaginou que já saberia como proceder, diz que "não vai ser surpresa" e já na entrevista final, na dinâmica entre prescrito-imaginado-atividade real, disse que a casa ideal deveria contar com equipe mais ampla, que incluísse psicólogo. Lupino disse desde o início da pesquisa que desejaria lecionar música para as crianças e, com a vivência prescrito-imaginado-atividade real, ele mantém este interesse e defende que o ensino da música clássica poderia acalmar os adolescentes. O estudo aponta para a necessidade de ampliação de protocolos que indiquem ocasiões frequentes enfrentadas na casa de acolhimento, que vão além das rotinas higiênicas, e os procedimentos a serem desenvolvidos pelo educador nestas ocasiões.