ENVELHECER E SER MULHER NEGRA: Trajetórias de vida de idosas em Recife
envelhecimento humano; self dialógico; mulheres negras; psicologia cultural.
Devido ao grave histórico de desigualdades sociais no Brasil, além dos determinantes biológicos, o processo de envelhecimento contempla várias questões sociais, especificamente para classe trabalhadora, por isso destacamos neste estudo a proposta de diálogo específico com as categorias classe, gênero e raça. O objetivo do estudo é investigar como as idosas negras constroem significados sobre a própria negritude, envolvendo o processo de rememoração e prospecção de futuro. Defende-se a importância deste estudo, considerando a contribuição da psicologia, mediante o compromisso do rompimento com o apagamento histórico produzido às mulheres negras neste país. Será percorrida uma trajetória teórico conceitual ancorada na Psicologia Cultural de Dinâmica Semiótica (PCDS) e na Teoria do Self Dialógico. Os métodos serão utilizados com intuito de identificar, através de atividades rememorativas e de projeções do futuro como as mulheres idosas, participantes do estudo, desenvolvem significados de si relacionados à própria negritude e como esses operam em suas trajetórias de vida. Para tal, o estudo será construído por meio de entrevistas individuais semiestruturadas e serão realizados grupos focais com oito idosas. As informações coletadas, através dos encontros, serão submetidas à análise dialógica, sendo estruturado em quatro blocos analíticos: (1) Síntese do Estudo de Caso, (2) Construção da trajetória de vida, (3) Análise das posições do self dialógico, (4) Análise da dinâmica entre cultura coletiva e cultura pessoal. Dessa maneira, serão observadas as vozes do eu do sujeito, vozes de outros internalizados e de outros atuais presentes nos enunciados. A construção da análise também contribuirá para a identificação dos significados produzidos pelas mulheres idosas na tríade eu-outro-mundo que compõem a construção de suas trajetórias de vida.