DETERMINAÇÃO DA POSITIVIDADE DO FATOR ANTINÚCLEO EM PACIENTES COM FEBRE CHIKUNGUNYA AGUDA E SUBAGUDA E SUA ASSOCIAÇÃO COM MANIFESTAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS
febre chikungunya, FAN, manifestações musculoesqueléticas
Introdução: A Febre Chikungunya (FC) é uma doença infecciosa introduzida recentemente no Brasil que cursa com marcante quadro articular responsável por incapacidade laboral ampliando ainda mais a magnitude do problema. Sabe-se que os vírus são considerados agentes ambientais mais importantes para o desenvolvimento de autoimunidade. Neste contexto ainda é desconhecida a prevalência e influência que poderia ter os autoanticorpos antinucleares na evolução dos pacientes com FC. Objetivos: Avaliar o perfil de anticorpos antinucleares (FAN) em pacientes com febre Chikungunya (FC). Metodologia: Foram incluídos 82 pacientes provenientes do Projeto Replick – Estudo Multicêntrico da História Natural e Resposta Terapêutica de Chikungunya com foco nas Manifestações Musculosqueléticas Agudas e Crônicas. A pesquisa do FAN foi realizada através da técnica da IFI em células de HEp-2 e seus resultados associados com variáveis clínicas, índices de atividade e qualidade de vida. Resultados: Em nosso estudo, observamos que 68% eram do sexo feminino, com média de idade de 47±15anos e a maioria 96,4% era procedente de Recife e Região Metropolitana. As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica (32,9%), diabetes mellitus (13,4%) e doenças reumatológicas prévias (19,5%). Encontramos 92,7% nas fases aguda ou subaguda da FC. Observamos que 65,9% referiam rigidez matinal, 40,2% apresentaram um moderado impacto da doença na capacidade funcional medido pelo HAQ e a que a maior parte dos pacientes apresentaram CDAI alto (46,4%) ou moderado (30,5%). Nos pacientes com FC, encontramos 41,5% com fator antinuclear (FAN) positivo. Os padrões do FAN pela imunofluorescência indireta (IFI) mais prevalentes foram nuclear pontilhado fino e nuclear pontilhado grosso, igualmente presentes em 32,4% da amostra. Observamos que a maioria dos pacientes no curso da fase crônica tinham o FAN positivo (83,3%) quando comparados com pacientes em outras fases da FC (p=0,03). Na fase aguda da FC, encontramos uma predominância do padrão nuclear grosso (66,6%) e na fase crônica houve prevalência do padrão nuclear pontilhado fino (p=0,337). Não houve associação significativa entre rigidez matinal, CDAI e os padrões do FAN. Foi verificado que pacientes com padrão nuclear homogêneo apresentaram um HAQ maior em relação aos que tinham padrão nuclear pontilhado fino, com significância estatística (p=0,02).
Conclusão: Uma maior parcela dos pacientes na fase crônica (83,3%) tinha FAN positivo em relação as outras fases da FC, sendo importante avaliar a associação da positividade e padrões do FAN com as manifestações musculoesqueléticas da fase crônica isoladamente. 41,5% apresentaram FAN positivo e os padrões mais frequentes foram o nuclear pontilhado fino e o nuclear pontilhado grosso. Não houve associação significativa entre rigidez matinal, CDAI e os padrões do FAN, porém pacientes com padrão nuclear homogêneo apresentaram um HAQ maior em relação a pacientes com o padrão nuclear pontilhado fino, com significância estatística.