Desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos a partir de Momordica charantia L. para tratamento pediátrico de geo-helmintíases
helmintíase. pediatria. Momordica charantia. medicamentos fitoterápicos. tecnologia farmacêutica
As geo-helmintíases são doenças negligenciadas que atingem mais de 1 bilhão de pessoas no mundo todo. No Brasil, afeta cerca de 70% da população em idade escolar, em que os casos podem ser ainda mais graves devido à possibilidade de atrasos no desenvolvimento físico e neurológico. O tratamento é realizado com o emprego de albendazol ou mebendazol, mas o amplo uso e distribuição estão levando à diminuição de eficácia e desenvolvimento de resistência anti-helmíntica. Como solução, é necessário que novos medicamentos sejam desenvolvidos e, através do estudo e emprego plantas medicinais, a questão pode ser resolvida. O melão de São Caetano ou Momordica charantia L., apresenta atividades medicinais diversas, inclusive a antihelmíntica, demonstrada em literatura. Dessa forma, o objetivo do trabalho é desenvolver formulações pediátricas para o tratamento de geo-helmintíases empregando Momordica charantia L.. Inicialmente foram obtidas e caracterizadas as drogas vegetais através de metodologias presentes na Farmacopeia Brasileira, sendo os extratos fluidos produzidos através de maceração com etanol 70ºGL. Os extratos secos foram obtidos por secagem em estufa e caracterizados quanto à higroscopicidade, solubilidade, perfil térmico e perfil fitoquímico. Além disso foram quantificados marcadores por CLAE-DAD e desenvolvido um método colorimétrico para determinação de flavonoides totais. O extrato seco foi utilizado no desenvolvimento de formulações apresentadas como xarope para diabéticos e suspensão. Apesar da escassez de resultados, as análises da droga vegetal apresentaram parâmetros aceitáveis, como índice de umidade e boa estabilidade térmica. Os extratos secos apresentaram alta higroscopicidade, baixa solubilidade, perfil térmico semelhante ao da droga vegetal e presença de metabólitos secundários de interesse, como taninos, alcaloides e saponinas. O doseamento através de CLAE-DAD apresentou baixos valores de isoquercetina e astragalina, motivando o desenvolvimento do método colorimétrico, que será validado. O xarope para diabéticos não obteve sabor satisfatório por ser extremamente amargo e o uso de base de xarope simples tornou o mesmo tolerável na suspensão. A formulação irá agora passar por uma otimização através de delineamento experimental. Dessa forma, o medicamento a ser finalizado apresenta-se como uma alternativa economicamente viável e natural para o tratamento de geohelmintíases em crianças.