IMPACTO ECONÔMICO E ESTRUTURAL DA PANDEMIA DA COVID-19 NA ODONTOLOGIA
Saúde bucal; Pandemia; COVID-19; Biossegurança
O surgimento da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) representou um grande desafio
para a Odontologia. Os dentistas correm alto risco de contaminação pela doença coronavírus
2019 (COVID-19) devido à proximidade com a cavidade oral e os procedimentos geradores de
aerossol (AGPs). O objetivo deste estudo foi duplo: (1) avaliar as mudanças estruturais e adesão
dos dentistas às novas normas de biossegurança para evitar a disseminação do vírus e (2) analisar
o impacto financeiro decorrente dessas modificações. Este é um estudo com delineamento
transversal, conduzido com dentistas no Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio de um
questionário eletrônico on-line, semiestruturado, autorreferido, entre 01 de agosto e 01 de
setembro de 2022. A ferramenta conteve questões sociodemográficas, profissionais, aspectos
financeiros, biossegurança e contaminação pelo COVID-19 dos dentistas. A amostra contou com
581 participantes, a maioria mulheres (71%), que tem especialidade (53,5%) e atuam no setor
privado (49%). Observou-se que a maioria se afastou dos atendimentos clínicos de rotina durante
a pandemia (90%), realizando apenas procedimentos de urgência (44%). Verificou-se uma grande
adesão à utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) nos períodos críticos da
pandemia, mas uma redução no período atual. A maioria (70%) dos dentistas relatou aumento
expressivo na quantidade de lixo biológico, teve perda financeira durante a pandemia (61%), fez
reajuste da tabela de valores (46%) e atualmente observa redução na sua renda mensal (51,5%). O
aumento de custo com material de biossegurança foi associado a adesão às diretrizes (p<0,021),
sendo a Região Nordeste a que mais aderiu. Preocupantemente, 98,5% dos dentistas não seguem
criteriosamente as orientações das entidades competentes (p<0,001). Os possíveis fatores são: o
aumento do custo com ações de biossegurança, dificuldades de utilização de EPIs, queda na
renda mensal e redução do medo do contágio. A pandemia da COVID-19 trouxe mudanças
importantes para o atendimento odontológico e marcantes efeitos econômicos. A educação
continuada dos profissionais deve reforçar a importância da manutenção das medidas de
biossegurança frente às novas variantes do vírus, bem como, a necessidade de fiscalização das
entidades competentes.