PLANEJAMENTO, SÍNTESE E AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA DE DERIVADOS 1,3-BENZODIOXOLES
BASEADOS NA PIPERINA ISOLADA DOS FRUTOS DA Piper nigrum L.
Inseticida. Aedes aegypti. Piper nigrum. 1,3-Benzodioxole
Há décadas os mosquitos apresentam destaque em relação as arboviroses, atuando como vetores. As doenças transmitidas por mosquitos são prevalentes em mais de cem países em todo o mundo, infectando mais de 700 milhões de pessoas. A situação epidemiológica enfrentada no Brasil e no mundo, em relação as arboviroses causadas pelo Ae. aegypti, é um grave problema de saúde pública. Visto que, ainda não há vacinas validadas e comercialmente disponíveis contra a maioria das doenças veiculadas por este vetor. Sobretudo, a estratégia mais eficaz, atualmente, é através do uso de inseticidas. No entanto, o uso indiscriminado e rotineiro de inseticidas sintéticos, tem causado um processo de resistência dos mosquitos, além de intoxicação em seres humanos e negativo impacto ambiental. Por estas razões, com o crescimento dessas arboviroses, se faz necessário a descoberta de novos compostos bioativos de origem natural ou sintético, que possam ser usados como larvicidas, que sejam eficazes e seguros no controle e combate a esse vetor. Com base na estrutura dos produtos naturais, o grupo 1,3 benzodioxole e a função amida, foram identificados como um farmacóforo essencial para a atividade inseticida. Neste sentindo, este estudo visou sintetizar e avaliar a atividade toxicológica de derivados 1,3 benzodioxoles baseados na estrutura química da piperina contra as larvas do Ae. aegypti. Em relação a atividade larvicida, na série das amidas, a piperina e o seu análago, a tetraidropiperina, foram os mais ativos. No entanto a tetrahidropiperina apresenta-se mais ativa que a piperina, quando comparadas ao tempo de exposição. A exposição a tetrahidropiperina causou morte de 100% das larvas do quarto instar de Ae. aegypti no período de 8 horas, na concentração de 700,0 μM, e a piperina teve morte de 70% das larvas. Além disso, na avaliação da toxicidade aguda, a tetraidropiperina é menos tóxica que a piperina na dose de 300 mg.kg-1, não apresentando sinais clínicos significativos de toxicidade. Na série dos ácidos 1,3 benzodioxoles, o composto 94 foi o mais ativo. Apresentando mortalidade de 74% das larvas, em 1h de exposição. Nos testes de toxicidade aguda, mostrou sinais clínicos suaves em camundongos tratados com 2000 mg.kg-1, sem quaisquer sinais estruturais de toxicidade em órgãos como o rim, fígado, baço e pulmões. Dentre os ésteres sintetizados, os mais ativos foram o LASSINT-11, LASSINT-22 e o LASSINT-27. Entre esses três, o LASSINT-22 foi o mais ativo, apresentando mortalidade mais de 90% na concentração de 700,0 μM em 24h de exposição. Diante do exposto, estes resultados mostraram que tanto a subunidade 1,3-benzodioxol, o tamanho do espaçador, quanto a saturação na cadeia alifática são essenciais para a atividade biológica, esta última, podendo ser a região toxicofórica da molécula. Portanto, visando a redução na densidade populacional do Ae. aegypti, devido à baixa toxicidade em mamíferos desses compostos é uma excelente estratégia de controle deste vetor, com aplicabilidade em água potável, tendo em vista que pode ser um produto de grande utilidade em saúde pública.