ASPECTOS CRÍTICOS RELACIONADOS À AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE DOS TRABALHADORES DA AGRICULTURA FAMILIAR NO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO
Agrotóxicos, Técnicas in vitro, Agricultura familiar
Quando se iniciou a “revolução verde”, a utilização em massa de agrotóxicos que teria o intuito de modernizar e aumentar a produtividade agrícola, os trabalhadores rurais passaram a ser expostos a inúmeros riscos. O Brasil que é um dos maiores produtores agropecuários do mundo, tornou-se nas últimas décadas um dos que mais utilizam agrotóxicos. A região do Submédio do Vale do São Francisco é uma das principais áreas de exploração da hortifruticultura irrigada do país, possuindo aproximadamente 50% da sua população economicamente ativa empregada na agricultura. No entanto, a região faz uso indiscriminado de agrotóxicos e em condições inseguras de trabalho, expondo a população, principalmente a rural, aos danos causados por eles. Dentre os diferentes tipos de agrotóxicos, o dimetoato, um organofosforado, é um dos inseticidas mais empregados. O presente estudo teve como objetivo identificar e analisar as percepções de risco determinantes para o entendimento das situações da exposição humana e ambiental aos agrotóxicos e a avaliação da permeação in vitro de resíduos de dimetoato, buscando simular situações de rotina. Considerando a importância e a atual necessidade de melhor entender o perfil dos trabalhadores da agricultura familiar, foi aplicado um questionário de caráter quantitativo e qualitativo, que demostraram a situação de utilização e exposição aos agrotóxicos e seus perfis socioeconômicos. Para os estudos in vitro foi utilizado as células de Franz, aplicação dose finita (1 jato de spray= 58800µg) do dimetoato em uma seção de tecidos (jeans e tecido com proteção UV) antes de entrar em contato com a pele humana. Nos questionários, os resultados mais significativos, demostraram que os trabalhadores da agricultura familiar em suas práticas, configuravam os potenciais riscos à saúde quanto a não utilização dos devidos EPI’s e as boas práticas na manipulação dos agrotóxicos. No estudo in vitro, o perfil de permeação do dimetoato do tecido UV e jeans, comparados com a pele humana, ambos os tecidos, foram significativamente diferentes e menor que a permeação através da pele humana sozinha, logo após 2horas de experimento. Vale salientar que, não existe diferença estatisticamente significativa no tempo de 10hs de experimento, entre o uso do jeans e da pele sozinha (ANOVA post-hoc Bonferroni test, p<0.05). Assim, os estudos preliminares demonstram que a deficiência de vestimenta correta durante a aplicação de agrotóxicos e a não utilização dos demais EPI’s, descritos pela maioria dos trabalhadores, aumenta o risco a exposição dos agrotóxicos. Portanto, um maior esforço na área da educação deve ser feito na tentativa de mitigar essa situação.