Violência Obstétrica como campo de disputa: Repertórios Linguísticos na mídia
Violência Obstétrica. Feminismo Interseccional. Justiça Reprodutiva. Direitos Reprodutivos. Saúde da mulher
Essa pesquisa teve como objetivo geral analisar os efeitos do veto do Ministério da Saúde quanto ao uso do termo Violência Obstétrica, suas repercussões midiáticas, e quais as vozes que ocuparam o cerne da discussão. Para tanto, realizou-se o levantamento de matérias do Jornal Folha de São Paulo, publicadas no período de maio de 2019 a julho de 2019, que tivessem relação com a temática. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com inspirações no Construcionismo Social e com posicionamento epistemológico a partir do Feminismo Interseccional. As matérias selecionadas tiveram como corpus de análise o conceito de incidentes críticos e controvérsias a partir da discussão sobre repertórios linguísticos. Encontramos como resultados que dentro do campo da Violência Obstétrica existe uma disputa entre atrizes e atores e que o incidente crítico do veto quanto ao uso do termo evidenciou posicionamentos antagônicos. Dentre esses posicionamentos encontrou-se uma tentativa de enfraquecimento do discurso de mulheres vítimas de Violência Obstétrica, em detrimento do fortalecimento do discurso institucional médico- centrado de que não existe intencionalidade no ato, portanto, não pode ser denominado violento. Também se constatou um movimento de resistência e tensionamento, sobretudo de movimentos sociais, que defendem a continuação do uso do termo. Fica em evidência, nessa atual conjuntura política, a tentativa de desmonte das políticas públicas relacionadas à justiça reprodutiva, o que cria barreiras de acesso sobretudo para mulheres negras e pobres.