Cartografias de experiências e afetos de técnicas socioeducativas em instituição de privação de liberdade em Pernambuco
Socioeducação. Técnicas Socioedcuativas. Experiências. Precarização. Cartografia.
Este trabalho realizou uma pesquisa-intervenção com técnicas socioeducativas de uma unidade de privação de liberdade do Estado de Pernambuco com o objetivo de cartografar as experiências e afetos das profissionais nas relações que produzem com o espaço de trabalho. Mais especificamente, buscou identificar a relação saber/poder/verdade que perpassa seus processos de subjetivação na relação que elas estabelecem com a Política de Atendimento Socioeducativo bem como seus posicionamentos de corroboração e/ou resistência em relação à política de responsabilização da adolescência que se envolve com infração. Buscou ainda investigar como as profissionais significam as implicações sociais, educativas e políticas da medida na vida dos jovens e desenvolver com elas um espaço de articulações ético-estético-políticas no contexto socioeducativo. Além da perspectiva teórico-metodológica da pesquisa-intervenção, utilizou-se, como principais interlocutores conceituais, as perspectivas da biopolítca de Michel Foucault (2005) e da necropolítica de Achille Mbembe (2018). Em termos metodológicos lançou mão da abordagem cartográfica delineada por meio de oficinas semanais realizadas com as técnicas na própria instituição onde atuam. Como instrumentos de registro utilizou-se gravador de áudio e diário de anotações. As análises das experiências e afetos – das técnicas e meus – foram tecidas por meio dos analisadores que emergiram nos encontros e foram discutidos em articulação com dispositivos históricos, políticos, teóricos e conjecturais que compõe o campo e que atravessam as participantes. Como principais afetações observamos que uma das vias de precarização das vidas dos adolescentes no sistema socioeducativo é a precarização das vidas e práticas das profissionais responsáveis por atendê-los. Isso se dá, sobretudo, por meio de relações de poder-saber que operam a fragilização do coletivo de forças das trabalhadoras no cotidiano da medida, produzindo falhas e ausências na comunicação que, de forma cíclica, reverberam em dinâmicas de silenciamento e isolamento entre as profissionais da unidade e, consequentemente, em seus processos de adoecimento.