ESPECTROS DE TAMANHOS E BIOMASSA DE DECÁPODES PLANCTÔNICOS EM AMBIENTES ESTUARINOS, COSTEIROS E NERÍTICOS NO NORDESTE DO BRASIL, DE 2013 A 2019
Decapoda. Caranguejos braquiúros. Camarões peneídeos. Espectros de tamanho. NBSS. ZooScan. Interações predador-presa. Série temporal. Atlântico tropical.
Os Decapoda são o segundo táxon mais representativo do zooplâncton. Nele incluem-se muitas espécies de importância socioeconómica que tem um papel chave dos ecossistemas pelágicos, tanto como adultos quanto como formas larvais. Conhecer a diversidade, interação e o comportamento dessas espécies, ajuda-nos a compreender o seu papel trófico e a sua representação ecológica nas comunidades zooplanctônicas. Essa tese está dividida em três capítulos, que tem como objetivos: 1) Caracterizar e comparar o zooplâncton nos ambientes estuarino, costeiro/recifal e da plataforma continental com ênfase nas comunidades de Decapoda planctônicos. 2) Conhecer os espectros de tamanhos do zooplâncton, e a contribuição dos Decapoda para esses espectros, nos ambientes estuarino, costeiro/recifal e de plataforma continental. 3) Analisar a distribuição, biomassa, biovolume e tamanhos das larvas de decápodes e comparar com os demais organismos (zooplâncton total) dos ambientes estuarino, recifal/costeiro e nerítico ao longo de 6 anos de coletas. No primeiro capítulo, abordamos sobre a sincronicidade sazonal e espacial das larvas de plâncton em ecossistemas tropicais costeiros e quantificamos as contribuições dos decápodes para o zooplâncton em regiões adjacentes, ecossistemas tropicais estuarinos, costeiros e de plataforma, considerando seus ciclos de vida sazonais e prováveis estratégias de dispersão. As contribuições dos decápodes foram especialmente relevantes durante eventos de liberação massiva de larvas de zoeas de caranguejos durante a migração para a costa em estágios de pré-assentamento. Os picos sazonais foram claramente assíncronos entre táxons e áreas. Observamos possíveis relações funcionais entre copépodes e grupos-chave de decápodes, bem como os processos que desencadeiam e regulam a entrada de larvas. No segundo capítulo, descrevemos alguns processos dinâmicos que moldam o espectro de tamanho de estágios larvais do zooplâncton, o que na literatura é pouco documentado. Espectros de tamanho de biomassa normalizado (NBSS) foram construídos para descrever o zooplâncton total, larvas de decápodes e outros mero e ictioplâncton em três áreas de Tamandaré, Brasil. As encostas do NBSS para o holoplâncton foram mais íngremes do que geralmente esperado, o que foi claramente devido à alta abundância de copépodes calanóides, especialmente no Estuário. A remoção de organismos não-holoplanctônicos não afetou a inclinação do NBSS, confirmando o conceito de que a inclinação do NBSS é uma propriedade conservadora de tais ecossistemas. Os processos que moldam espectros de tamanho específicos de táxons e os combinam em um espectro “livre de lacunas” são discutidos sob uma perspectiva de nicho de tamanho evolutivo. No terceiro capítulo observamos o efeito de eventos climáticos relevantes, como o El Niño 2015/2016 nas comunidades de decápodes planctônicos e no zooplâncton total da série temporal, de 2013 a 2019).