DIVERSIDADE FUNCIONAL E ISOTÓPICA DO MICROZOOPLÂNCTON DE UMA REGIÃO COSTEIRA TROPICAL (BAÍA DE TAMANDARÉ, PERNAMBUCO, BRASIL), DE 2013 A 2019
Zooplâncton. Copépodes. Diversidade funcional. Isótopos estáveis. Fatores abióticos. El Niño Oscilação Sul.
Análises de diversidade funcional e isótopos estáveis vêm sendo muito utilizadas como ferramentas adicionais ao estudo tradicional da ecologia do zooplâncton. Esta tese teve como objetivo principal avaliar as relações ecológicas do microzooplâncton através de análises de diversidade funcional e isótopos estáveis e a sua variabilidade influenciada pela sazonalidade, interanualidade e condições ambientais ao longo de uma série temporal. As amostras foram coletadas bimestralmente entre junho de 2013 e agosto de 2019 em três estações na Baía de Tamandaré (Pernambuco, Brasil), através de arrastos subsuperficiais com redes cônicas de malha de 64 μm. As amostras foram acondicionadas em potes plásticos contendo formalina a 4%, tamponadas com tetraborato de sódio (5 g L−1). Foram selecionadas quatro amostragens por ano (duas no período seco, duas no período chuvoso), exceto quando não houve amostragens por más condições do tempo. As amostras foram quarteadas, uma parte foi separada para a contagem, medição e identificação do zooplâncton e a outra parte para as análises de isótopos estáveis. Para o cálculo de diversidade funcional, a assembleia de copépodes foi analisada quanto aos seus atributos funcionais e dividida em grupos funcionais. Para análise de isótopos estáveis uma parte foi submetida ao espectrômetro de massa para a obtenção dos isótopos de nitrogênio e carbono e outra parte identificada e medida e analisada quanto a biomassa relativa. A análise de diversidade funcional mostrou que uma mínima variação das condições ambientais (temperatura e salinidade) afetaram significativamente os grupos funcionais de copépodes (91% da variação explicada) e que o grupo mais abundante apresenta atributos funcionais (características morfológicas e estratégia reprodutiva) que permitiram sua permanência em um ambiente em constantes variações. A análise de isótopos estáveis permitiu detectar o nível trófico de espécies-chave através de uma nova abordagem, “mistura-de-espécies-biomassas-e-isótopos” (em inglês, SBIM). Pseudodiaptomus acutus apresentou o maior nível trófico dentro da comunidade zooplanctônica, enquanto organismos de pequeno porte, como náuplios de copépodes e larvas de poliquetos apresentaram o menor nível trófico. Esse resultado não seria possível em estudos tradicionais que analisam apenas alguns espécimes de espécies pré-selecionadas. Também foram analisados os efeitos da sazonalidade e forçantes climáticas externas (por exemplo, El Niño Oscilação Sul) sobre as condições ambientais e a comunidade microzooplanctônica na Baía de Tamandaré. Euterpina acutifrons, Favella ehrenbergii e “outros ciliados” foram indicadores de variação sazonal, com alta abundância no período chuvoso. Os estudos desenvolvidos nesta tese ofereceram um vislumbre dos fatores ecológicos que regem a variabilidade e as relações tróficas do microzooplâncton em um ecossistema costeiro tropical.