FUNGOS ANEMÓFILOS DE AMBIENTE HOSPITALAR: PERFIL DE SUSCETIBILIDADE ANTIFÚNGICA E ALERGENICIDADE
Bioaerossóis fúngicos, Detecção de alérgenos por imunoensaio,
Hipersensibilidade fúngica, Infecções relacionadas à assistência à saúde, Resistência
antifúngica, Segurança do paciente.
Fungos anemófilos são uma preocupação em todo mundo e uma das principais causas de
infecções relacionadas à assistência à saúde em ambientes hospitalares do Brasil. Exposição e
sensibilização fúngica em ambientes fechados podem exacerbar doenças alérgicas. O estudo
teve por objetivo determinar a diversidade de fungos filamentosos anemófilos no centro
cirúrgico (CC) e unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital terciário de Caruaru,
Pernambuco, Brasil e avaliar o perfil de suscetibilidade antifúngica e alergenicidade de isolados
com base no perfil de virulência e capacidade de causar infecção. As amostras foram coletadas
em quatro áreas do hospital: CC, corredor do centro cirúrgico (CCC), UTI e área externa da
UTI, por técnica de sedimentação passiva. As colônias fúngicas foram purificadas e
identificadas por morfologia e molecular. Espécies termofílicas foram selecionadas para o perfil
de suscetibilidade in vitro avaliado por microdiluição em caldo frente a anfotericina B (AMB),
isavuconazol (ISA), itraconazol (ITR) e voriconazol, e para detecção in vitro de alérgenos
utilizando o tampão CHAPS como reagente de extração e o kit IgE Elisa MyBioSource®.
Aspergillus, Penicillium e Cladosporium foram os gêneros mais prevalentes entre os ambientes
estudados. O CC apresentou maior riqueza e similaridade com o CCC. Espécies patogênicas de
Aspergillus, Purpureocillium e Rhizomucor foram isoladas, a maior parte concentrada no CC
(64,7%; n=11/17). O ITR foi mais atuante contra as espécies de Aspergillus. AMB foi o único
capaz de combater A. costaricensis URM 8569 e 8570 e A. neoafricanus URM 8574 não foi
responsivo a nenhum antifúngico avaliado. O ISA foi mais eficaz frente a P. lilacinum URM
8582 e R. pusillus URM 8583 respondeu melhor a AMB. Oito isolados não responderam bem
a um ou mais antifúngicos entre polieno e azólicos, concomitantemente. O tampão CHAPS
utilizado para proteólise celular se mostrou eficiente. A. costaricensis URM 8569, A. terreus
URM 8578 e P. lilacinum URM 8582 apresentaram potencial elevado para alergenicidade.
Documentou-se a primeira ocorrência de P. costaricense URM 8341 para a América do Sul,
seu primeiro relato como anemófilo e o segundo registro mundial. Este estudo contribuiu para
o conhecimento da distribuição geográfica dos fungos anemófilos em ambiente hospitalar, bem
como para a conscientização da higiene ambiental em saúde e alertou para o surgimento de
espécies com perfis patogênicos ou alergênicos presentes nesses ambientes.