SOB AS LUZES DA CIDADE: EFEITO DA ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL NA POLINIZAÇÃO POR MORCEGOS EM CRATEVA TAPIA L. (CAPPARACEAE)
Ecologia urbana; poligomonoicia; quiropterofilia
Compreender a biologia reprodutiva das angiospermas é determinante para garantir sua conservação, inclusive em áreas urbanas que proporcionam condições favoráveis para ocorrência de interações planta-animal. O aumento da iluminação artificial nos centros urbanos pode afetar os polinizadores noturnos, mas desconhece-se como esse efeito incide sobre morcegos polinizadores. Aqui investigamos o sistema de polinização de Crateva tapia em área urbana e testamos como a luz artificial afeta a frequência de seus visitantes. No primeiro capítulo, descrevemos sua biologia floral e polinização por morcegos, investigando aspectos da fenologia, sequência de antese, morfologia, sistema sexual, sistema reprodutivo, sinalização (voláteis e refletância espectral das estruturas florais), frequência e comportamento de visitantes. Crateva tapia apresenta um único ciclo reprodutivo anual. Suas flores são poligomonoicas, emitem majoritariamente (E)-β-Ocimene e Álcool benzílico como compostos voláteis e apresentam pico de reflectância na faixa do verde-amarelo. Registramos polinização por Glossophaga soricina e Phyllostomus discolor. No segundo capítulo, testamos o efeito da iluminação artificial nessa interação, através do monitoramento da frequência de visitas em indivíduos sob diferentes condições de iluminação. A iluminação variou mais dentro do que entre os indivíduos da população. A visitação por morcegos em C. tapia não foi afetada pela iluminação, mas a área da copa aumenta positivamente sua frequência. Nossos resultados reforçam a importância de preservar grandes árvores nas cidades como fontes de alimento para morcegos nectarívoros, mesmo em ambientes com bastante luz.