Influência de caprinos na regeneração da Caatinga
Florestas secas, recrutamento, mortalidade, banco de sementes
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As práticas da pecuária extensiva nos ecossistemas naturais podem reduzir a capacidade de regeneração da vegetação e induzir ecossistemas a estados permanentes de degradação, especialmente em áreas de florestas secas onde essas práticas são constantes e garantem a subsistência de populações humanas. Sendo necessários estudos de como o pastejo de grandes herbívoros impacta mecanismos de regeneração que garantem a resiliência dessas florestas (i.e., banco de sementes e banco de plântulas), esta tese aborda o efeito de caprinos criados extensivamente na Caatinga, o maior bloco de florestas secas da América do Sul, através de um experimento de exclusão. O banco de sementes nessa região é pouco abundante (56 sementes/m²), empobrecido (24 espécies) e de curta duração e não há efeito de caprinos nesse mecanismo de regeneração quanto à proporção de sementes viáveis, riqueza ou beta diversidade. A sobrevivência observada de plântulas adicionadas experimentalmente é maior em áreas de exclusão (68.4%) quem em áreas de pastejo (39%). Observações da dinâmica natural de plântulas ao longo de 05 anos indicam que caprinos impactam negativamente a diversidade de plântulas, através do aumento da mortalidade (2.3 vezes maior que em áreas de exclusão) e diminuição da diversidade alfa e beta, embora mudanças no recrutamento não tenham sido observadas. Esses resultados indicam que caprinos podem alterar processos de regeneração em florestas secas, diminuindo a capacidade de resiliência principalmente associada ao estabelecimento de plântulas.