EFEITO GASTROPROTETOR, ANTIULCEROGÊNICO E ANTI-INFLAMATÓRIO INTESTINAL DO ÓLEO DA POLPA DE Mauritia flexuosa L.f (Arecaceae).
Buriti, ácidos graxos, ulcera péptica, colite ulcerativa.
Mauritia flexuosa L.f (Arecaceae), palmeira nativa da América do Sul, conhecida popularmente como buriti. Seus frutos são ricos em fibras, óleos, proteínas e vitaminas A, B, C e E, constituindo uma rica fonte de compostos bioativos e antioxidantes, com alto potencial econômico, cultural e farmacêutico. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade gastroprotetora, antiulcerogênica e o potencial anti-inflamatório intestinal do óleo da polpa dos frutos de M. flexuosa. As propriedades físico-químicas do óleo de buriti foram analisadas, assim como, o perfil de ácidos graxos. Para a realização das atividades gastroprotetoras, foram utilizados os modelos de úlcera induzida por etanol, etanol/HCl, piroxicam e ácido acético. Os mecanismos de ação foram avaliados através da participação dos grupamentos sulfidrila, óxido nítrico, prostaglandinas, da quantificação de muco e secreção gástrica, além do estresse oxidativo. Na análise das propriedades físico-químicas, todos os parâmetros estavam dentro dos valores de referência garantindo a qualidade do óleo. No perfil de ácidos graxos, os compostos majoritários obtidos foram o ácido oleico (77,17%) e o ácido palmítico (17,06%). Na úlcera induzida por etanol, os percentuais de gastroproteção foram de 52, 72 e 72%, respectivamente nas doses de 6,25, 12,5 e 25 mg/kg de óleo de buriti, enquanto o lansoprazol apresentou 75%. No teste de barreira física, a via de administração intraperitoneal, apresentou maior percentual de gastroproteção (78%). Nos modelos do Etanol/HCl e do piroxicam, o óleo de buriti e o lansoprazol apresentaram percentuais de gastroproteção de 69,16 e 52,25% e de 73,3 e 61,06%, respectivamente, quando comparados com o grupo controle lesionado. Na secreção gástrica, o óleo de buriti aumentou o conteúdo gástrico sem alterar o pH ou a quantidade de muco aderido à mucosa. O óleo de buriti não foi dependente de prostaglandinas, mas dependeu parcialmente de grupamentos sulfidrílicos e do óxido nítrico. No estresse oxidativo, o óleo do buriti reduziu os níveis de TBARS e manteve os níveis de glutationa. No modelo de ácido acético, o óleo de buriti e a ranitidina apresentaram percentual de gastroproteção de 50% e 33%, respectivamente. Nas análises histológicas e morfométricas, foi possível observar que o óleo de M. flexuosa não induziu a epitelização da úlcera, porém estimulou a formação de novas glândulas gástricas na mucosa de base, apesar da presença de células inflamatórias. Nos modelos agudos e crônicos da colite ulcerativa, o óleo de M. flexuosa (50 e 100 mg/kg) conseguiu reduzir a perda de peso dos animais, também preservou o tamanho do cólon, inibiu a diarreia e melhorou o índice de atividade da doença (IAD) nas doses utilizadas. Em conclusão, esses resultados indicam que o óleo de M. flexuosa foi eficaz no tratamento de úlceras gástricas e da inflamação intestinal.