FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS E A ESCOLA: PERCEPÇÕES SOBRE O RECONHECIMENTO E A INTEGRAÇÃO EM ESCOLAS DO AGRESTE PERNAMBUCANO
Família; Homoparentalidade; Escola; Reconhecimento; Integração.
Esta pesquisa tem como objeto a relação entre as famílias homoparentais e as escolas do
Agreste Pernambucano. O estudo foi motivado pela compreensão das violações aos
direitos LGBTQIAP+ que o (neo)conservadorismo, neoliberalismo e fundamentalismo
religioso mantêm ao defender uma concepção de família natural e universal, baseada na
relação entre um homem e uma mulher heterossexuais cis, que unidos pelo casamento,
procriam, coabitam e são canais para “desenvolvimento saudável” dos/as filhos/as. No
entanto, a família é uma instituição que acompanha as transformações culturais, jurídicas,
sociais, políticas, econômicas, entre outras, e por isso, o caráter natural e universal é
ficcional. Este trabalho parte das reflexões sobre gênero e sexualidade no pós-
estruturalismo, entendendo que essas questões são importantes para a formulação das
compreensões sobre família. Também, utiliza a teoria do reconhecimento para analisar
como se dão as relações com os corpos gays e lésbicos na sociedade e, especificamente na
escola, quando estes/as a compõem, como famílias, esse espaço. O principal objetivo dessa
pesquisa é compreender como as famílias homoparentais percebem o seu reconhecimento e
a sua integração nas escolas do Agreste Pernambucano. Em meio a um cenário de
retrocessos, em constantes combates a “suposta ideologia de gênero”, incentivada pelo
pânico moral, essa reflexão é importante para questionar a concepções de família que estão
presentes no contexto escolar, perceber a existência das famílias homoparentais na escola e
proporcionar esquemas de reconhecibilidade subversivos que possibilitem seu
reconhecimento. Também, nos debruçamos sobre estudos no âmbito da educação para
discutir as formas de promover esses esquemas a partir dos mecanismos de democratização
da escola, que reforçam o caráter plural e democrático dela. Este trabalho traz as vozes, os
olhares e as experiências de pais gays e mães lésbicas, membros de famílias homoparentais
localizadas em três municípios do Agreste Pernambucano e que possuem filhos/as
estudando em escolas dessas localidades. Além disso, trazemos as perspectivas das
gestoras e análise dos Projetos Políticos Pedagógicos, para conhecermos os olhares das
escolas sobre essas famílias e os trabalhos que desenvolvem para promover seu
reconhecimento e integração. Para o desenvolvimento desse estudo, utilizamos como
recursos metodológicos: a estratégia da triangulação, as entrevistas semiestruturadas, as
conversas, a pesquisa documental e a análise de conteúdo. A pesquisa nos mostrou que as
famílias homoparentais são marcadas por uma ambivalência no seu reconhecimento nas
escolas do Agreste Pernambucano. São reconhecidas para o cumprimento das
responsabilidades que lhes são atribuídas, mas não reconhecidas quando se trata da mesma
visibilidade que outras famílias possuem, de modo especial, a tradicional. Quanto a
integração das famílias homoparentais nas propostas e atividades pedagógicas, a pesquisa
nos mostrou que elas participam das atividades, mas, não são integradas e representadas
nelas. Assim, percebemos que as escolas do Agreste pernambucano, quando se trata da
relação com as famílias, ainda pautam suas concepções e trabalhos a partir do modelo de
família tradicional.