ALEIJANDO O ENSINO DE HISTÓRIA: NARRATIVAS DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA.
Deficiência; Educação Inclusiva; Educação Anticapacitista; Modelo Social da Deficiência; Ensino de História.
O alto percentual de estudantes com deficiência nos espaços escolares e os desdobramentos causados por essa presença, nos estimulam a pensar sobre corpos e narrativas produzidas sobre esses sujeitos na educação básica. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo ouvir educandas(os) com deficiência e observar suas narrativas acerca de suas experiências de vida e sua relação com espaço escolar. Para realização deste estudo, tomamos por referência os Estudos da Deficiência e o Modelo Social da Deficiência em diálogo com Teoria Queer-Crip, Estudos da Diferença e da Micro-história. Assim, no primeiro momento apresentamos um panorama da produção bibliográfica acerca desses debates teóricos. Em seguida, buscamos entender qual o lugar da pessoa com deficiência nas produções acadêmicas (2009-2019), salientando os achados no ensino de história. Como cerne da pesquisa, ouvimos e analisamos as narrativas acerca das experiências de estudantes com deficiência, usando a metodologia da História Oral Temática, como forma de entender o lugar e as narrativas que estudantes com deficiência produzem de si, dos outros e do espaço escolar. Como resultado acerca do lugar da pessoa com deficiência na produção acadêmica, observamos que, dos poucos estudos que relacionam deficiência e ensino de história, a educação em história se conecta a práticas discursivas que se alinham ao paradigma da Integração e ao Modelo Médico, produzindo e/ou reproduzindo a marginalização e a invisibilidade das pessoas com deficiência. Revelando-nos, assim, um perfil capacitista da pesquisa em ensino de história. Como principais resultados da pesquisa de campo, os relatos dos estudantes com deficiência permitem-nos pensar que o ambiente escolar e que aulas de história não lhes proporcionam espaços para que eles narrem suas histórias; o quanto os estigmas e preconceitos em torno dos seus corpos limitam seus acessos, sobretudo os interpessoais; bem como, seus gostos e interesses, inclusive os escolares, estão pautados nos afetos. Por fim, propomos a HQ Núbia: “meu nome não é especial!”, como material pedagógico a fim de visibilizar de forma positiva as narrativas de pessoas com deficiência, bem como combater estigmas que permeiam seus corpos e vivências, numa perspectiva da Educação e Ensino de História Inclusivos e Anticapacitistas a partir dos saberes históricos escolares.